São Paulo deveria levar muro da cracolândia para outros setores
Países ricos erguem muros burocráticos para impedir que refugiados do subdesenvolvimento os invadam além da conta. Seguindo a moda Trump, a cidade mais rica do Brasil levantou um muro de concreto defronte da cracolândia. Mas muita gente insiste em pular o muro. Estados Unidos e Europa continuam cheios de estrangeiros clandestinos. Há dependentes químicos dispersos pelas ruas e sob viadutos do centro da capital paulista.
O muro de São Paulo ficou pronto há coisa de seis meses. Tem 40 metros de extensão, 2,5 metros de altura. Em notícia-crime levada ao Supremo, o PSOL pediu a demolição. O partido acusa a prefeitura de segregar pessoas já bem marginalizadas, cerceando-lhes o direito constitucional de ir e vir. Alexandre de Moraes rodou a toga. Intimou o prefeito Ricardo Nunes a se explicar. Deu prazo de 24 horas.
Se repetir o teor de notas oficiais da prefeitura, Nunes dirá que não quer confinar, mas proteger os dependentes químicos. Repetirá que o muro substituiu tapumes de metal, que "eram quebrados com frequência em partes pontiagudas, oferecendo risco de ferimentos às pessoas em situação de vulnerabilidade". Nessa linha de raciocínio, o prefeito não deveria limitar a solução do muro à cracolândia.
A experiência deveria ser levada a outros setores. Um dos grandes problemas de São Paulo é o trânsito congestionado. Muitos motoristas desrespeitam o rodízio municipal de veículos. Um bom programa de construção de muros no acesso das vias mais engarrafadas talvez fosse mais efetivo. Carros não pulam o muro.
Poder-se-ia estudar também —uma comissão, prefeito, rápido— a construção de muros ao longo de calçadas mal conservadas. Não atenuaria a inépcia da prefeitura. Mas evitaria que os buracos continuem oferendo "risco de ferimentos" aos cidadãos de pouca mobilidade que se aventuram em espaços públicos. Idosos e cadeirantes também não pulam muros.
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