Lula aguarda tiros de Trump para definir papel do Brasil no tiroteio
O retorno de Donald Trump ao poder resultará numa reciclagem das relações do Planalto com a Casa Branca. Acordos de cooperação firmados por Lula com Joe Biden sobre combate ao aquecimento global e melhoria das condições de trabalho na era dos aplicativos viraram lixo antes de virar realidade.
No relacionamento com Trump, Lula prefere a acomodação ao conflito. Costuma lembrar que teve convívio amistoso com o republicano George W. Bush em verões passados. Reconhece, porém, que o cenário é radicalmente outro. Antevê conflitos em temas caros ao seu governo: clima, protecionismo, democracia e big techs.
Lula aguarda eventuais tiros de Trump para definir o papel do seu governo no tiroteio. Preocupa-se com quatro potenciais efeitos:
1) O prejuízo que um tarifaço de Trump pode impor às exportações brasileiras;
2) O ricochete dos disparos de Trump contra a China num ano em que o Brasil preside o Brics;
3) O fortalecimento da aliança tácita do movimento internacional de extrema direita com os mandarins da big techs. Tratados por Biden como "ameaças à democracia", Musk, Zuckerberg e assemelhados são chamados por Trump de "parceiros estratégicos."
Lula segue, por ora, a cartilha do pragmatismo diplomático. Depois de revelar sua torcida pela vitória de Kamala Harris durante a campanha, parece ter descoberto o valor do silêncio. Bem aconselhado, ignorou o convite para que Bolsonaro fosse às festividades de Washington.
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