PF ilumina passado da PRF, mas futuro permanece no lusco-fusco
Ao indicar mais quatro membros do alto comando bolsonarista da Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal demonstrou que o golpismo é muito parecido com o futebol. Mesmo que fosse um craque do embuste, Silvinei Vasques, o ex-diretor da PRF, não teria chegado sozinho à malfeitoria eleitoral que tentou atrapalhar os movimentos de eleitores nordestinos no segundo turno da eleição de 2022.
No futebol, há toda uma estrutura anterior que prepara o gol —o clube, a equipe médica, o preparador físico e o time em campo, armando a jogada que levará ao gol. No golpismo é a mesma coisa. O governo antidemocrático de Bolsonaro criou todas as condições, armou toda a jogada. Os criminosos apenas cometeram o crime. No caso de Silvinei, a jogada deu em cadeia, não em gol. Ele passou quase um ano na tranca.
A conclusão de mais um inquérito da PF ajuda a iluminar o passado que mancha o retrovisor da PRF. O problema é que, no terceiro ano da gestão Lula, o futuro da corporação permanece no lusco-fusco.
Em dois anos, muita coisa aconteceu na PRF —da nomeação de superintendentes filiados ao Partido dos Trabalhadores a uma guerra de dossiês; da proposta do ministro da Justiça para anabolizar a PRF ao recuo de Ricardo Lewandowski após uma pancadaria de governadores.
Tudo isso e mais lambanças como a abordagem que, na noite de Natal, alojou na cabeça da agente de saúde Juliana Rangel, de 26 anos, a bala do fuzil de um oficial da PRF, no Rio de Janeiro. Juliana continua na UTI. A PRF, na enfermaria. Falta à corporação rodoviária algo que se pareça com um rumo.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.