Josias de Souza

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Opinião

Lula troca guerra à carestia por mandatos iniciados com o 'não'

Na reunião ministerial de segunda-feira, Lula passou um sabão em sua equipe. "Todo ministro sabe que o alimento está caro. E é uma tarefa nossa fazer com que os alimentos cheguem baratos à mesa do trabalhador." Foi como se declarasse guerra à carestia. Criou-se enorme expectativa.

Durante a semana, antes de tomar uma decisão, Lula pensou duas vezes. Analisou todas as possibilidades. Na quinta-feira, ministros discutiram o tema na Casa Civil. Nesta sexta, encontraram-se com Lula no bunker presidencial. Imaginava-se que o Planalto abriria o paiol. Deu-se algo bem diferente.

Lula enviou Rui Costa ao encontro dos refletores. Em vez de apresentar o arsenal que seria usado na cruzada contra a inflação dos alimentos, o chefe da Casa Civil surpreendeu os repórteres com a exposição de um rol de mandamentos negativos. Todos começam com "não".

Não haverá "subsídio". Não vem aí um "congelamento" de preços. Não serão recrutados "fiscais do Lula". Não sairá da gaveta um "supermercado estatal". Não há hipótese de criação de uma xepa para a venda de produtos com prazo de validade vencido.

Mas, afinal, o que será feito? O governo apenas azeitará programas de estímulo à produção agrícola. "O carro-chefe, para resumir", disse Rui Costa, "é que o presidente pediu para que deem um um foco maior na hora da definição de políticas públicas já existentes". De resto, a Fazenda talvez reduza, se for o caso, alíquotas de importação de alguns produtos.

A má notícia é que, depois de uma semana de especulações, entrecortadas por três reuniões da cúpula governamental, Lula decidiu, na prática, não decidir coisa nenhuma. Os preços dos alimentos "se formam no mercado e não artificialmente", declarou Rui Costa. A boa notícia é que parece descartada a hipótese de Lula revogar por medida provisória a lei da oferta e da procura.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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