Harmonia entre Poderes precisa passar pelo teste da luz do Sol

Ler resumo da notícia
Nas últimas 72 horas, os chefes dos Três Poderes derramaram baldes de saliva para enaltecer o surto de harmonia que se abateu sobre Brasília. Um despacho do ministro do Supremo Flávio Dino mostrou que a repentina onda de concórdia vale apenas até certo ponto. O ponto de interrogação.
Nesta terça-feira, Dino convocou para 27 de fevereiro audiência de conciliação sobre as famigeradas emendas parlamentares. Executivo e Legislativo terão que demonstrar que cumprem ordem judicial de dar transparência aos gastos. Inquéritos da Polícia Federal mostram que a verba continua saindo pelo ladrão.
Davi Alcolumbre e Hugo Motta, presidentes do Senado e da Câmara desde sábado, combinam o lero-lero da harmonia entre os Poderes com a exigência de manutenção do arranjo que levou congressistas a plantarem bananeira dentro dos cofres do Tesouro Nacional. Nos últimos cinco anos, as emendas sugaram R$ 186 bilhões.
Numa das reuniões de conciliação que realizou com representes do governo e do Congresso no ano passado, Dino disse era preciso moralizar as emendas, pois "os inquéritos estão chegando". Advertiu que os "armários" do Supremo estão "cheios de investigações contra parlamentares." Há pelo menos duas dezenas de inquéritos.
Alguém deveria ter piedade dos brasileiros, abrindo os armários das emendas. A hipotética harmonia que tomou conta da Praça dos Três Poderes precisa passar pelo teste da luz do Sol.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.