Num momento Maria Antonieta, Lula fornece brioche à oposição
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Com a geladeira do Alvorada abarrotada de todas as iguarias que o déficit público pode pagar, Lula viveu nesta quinta-feira o seu momento Maria Antonieta. Reeditou, por assim dizer, a frase atribuída à rainha, recomendando aos franceses que não tinham pão que comessem brioches. Lula declarou que o brasileiro precisa ser educado para deixar de comprar alimentos caros no supermercado, optando por produtos mais baratos.
"Uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo", disse Lula, em entrevista. "Se você vai no supermercado e você desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver a consciência e não comprar aquilo que acha que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, porque, senão, vai estragar."
Na prática, Lula transformou o consumidor de vítima em culpado pela carestia. Sabe que falou bobagem. Na mesma entrevista, mencionou causas mais plausíveis para a inflação. Por exemplo: a alta do dólar, que favorece as exportações e encarece os alimentos no mercado interno.
A historiografia moderna já demonstrou que Maria Antonieta jamais pronunciou a frase que lhe foi atribuída. No caso de Lula, a declaração foi filmada. Caiu nas redes como um brioche fornecido pelo presidente à oposição, que apressou-se em fustigá-lo. Faltou senso de ridículo ao bolsonarismo, pois a inflação dos alimentos foi ainda maior no governo do capitão. A fila do osso é parte da iconografia da Presidência do "mito".
Submetido aos rigores da inflação, o brasileiro não tem tempo para perder com embates entre sujos e mal lavados. Nos casos mais crônicos, o cidadão só tem tempo para certas horas —a hora do café, a hora do almoço, a hora do jantar. Quem convive com a sobra do mês no fim do salário sonha com o dia em que terá uma fome típica de presidente, dessas que o sujeito resolve simplesmente abrindo a geladeira do palácio.
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