Josias de Souza

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Opinião

Sob Lula, Brics desafia atestado de óbito trombeteado por Trump

Chegou às manchetes da imprensa mundial a notícia da morte do Brics. O atestado de óbito foi emitido por Trump. O coveiro laranja declarou nesta quinta-feira que o bloco econômico "está morto" desde que ele anunciou que taxaria em 100% produtos importados de países que ousassem realizar transações comerciais sem usar o dólar. No mesmo dia, o Brasil divulgou documento no qual o Brics aparece cheio de vida.

Equipando-se para sediar a cúpula do Brics em julho, o Brasil colocou no ar um site para tocar os bumbos do encontro. Nele, estão disponíveis as cinco páginas que resumem as prioridades da presidência temporária de Lula no bloco econômico que inclui Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul. No texto, o defunto como que cutuca Trump com o pé para ver se ele realmente morde.

O documento anota que "a presidência do Brasil dará continuidade" ao esforço para "desenvolver instrumentos de pagamento locais que facilitem o comércio e o investimento" entre os membros do Brics. Aquilo que Trump trata como ameaça à hegemonia do dólar é, na verdade, uma trivialidade.

Funciona há 17 anos no âmbito do Mercosul, desde 2008, um mecanismo chamado Sistema de Pagamentos em Moeda Local. Permite que exportadores e importadores dos países do bloco realizem transações comerciais em moeda local. O sistema foi aperfeiçoado em 2023. No Brasil, a conversão da moeda é feita com base na taxa de câmbio de referência do dólar em relação ao real.

Se quiser realmente encrencar com os países do Brics, Trump terá que explicar por que não estende sua implicância à Argentina do admirador Javier Milei, que transaciona com o Brasil em moeda local. De resto, o imperador do mundo precisará se entender com o consumidor dos Estados Unidos, que sofrerá no bolso os efeitos inflacionários do seu surto tarifário.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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