Josias de Souza

Josias de Souza

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Fala machista de Lula libertou 'fakenismo' dos bolsonaristas

Ao dizer que colocou Gleisi Hoffmann, "essa mulher bonita", na articulação política para melhorar a relação com o Congresso, Lula fez surgir no Brasil uma nova doutrina: o "fakenismo". Consiste em colocar a serviço dos interesses das mulheres o que há de mais falso e traiçoeiro no homem misógino. O "fakenismo" é tão confiável quanto o canto da sereia, a lágrima de crocodilo e o apreço de Bolsonaro pelo feminismo.

A penúltima fala machista de Lula soou seis dias depois de Bolsonaro ter declarado que apoiadoras do PT são "feias" e "incomíveis". Ao insinuar que o fator estético pesou na nomeação de Gleisi, Lula libertou a mulher fluorescente que certos bolsonaristas mantinham enterrada dentro de si. O deputado Coronel Zuco lamentou o desapreço de Lula pela valorização da "competência profissional" da mulher.

Nikolas Ferreira debochou: "Agora a gente é obrigado a achar as petistas bonitas". Gustavo Gayer furou a cerca do Código Penal: "É impressão minha ou Lula ofereceu a Gleisi como um cafetão oferece sua funcionária em uma negociação entre gangues?". A deputada Coronel Fernanda instou a bancada feminina a redigir um "manifesto" contra Lula, cobrando retratação.

O "fakenismo" baseia-se nos conceitos do "mito" do movimento. Sobre a prole, Bolsonaro disse: "Foram quatro homens, a quinta eu dei uma fraquejada e veio mulher". Sobre violência sexual, declarou que uma deputada "não merece ser estuprada" por ser "feia". Irritado com uma repórter, afirmou que ela queria "dar um furo a qualquer preço". A pretexto de condenar o turismo LGBT no Brasil, disse: "Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade".

Antigamente, a imbecilidade era mais silenciosa. O ruído, a ênfase, o gesto, o punho cerrado dos bolsonaristas em defesa da causa das mulheres revela que os idiotas tornaram-se orgulhosos.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.