Josias de Souza

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Opinião

Aliados receiam que a prisão de Bolsonaro ocorra antes do Natal

"Temos o receio de que Bolsonaro seja preso antes do Natal", disse à coluna um de seus mais fieis aliados. "Todos já conhecem a sentença antes do início do julgamento", acrescentou. "No futuro, o açodamento do Supremo será usado como argumento para pedidos de anulação. Hoje, essa pressa vai intensificar a pressão para que Bolsonaro libere —ou até lidere— a articulação para definir um outro candidato para representar o campo da direita em 2026."

Em poucas horas, três lances deixaram o "mito" mais perto das grades. Na manhã de quinta-feira, o procurador-geral Paulo Gonet enviou ao Supremo manifestação refutando alegações das defesas de Bolsonaro e mais sete acusados. No início da tarde, o relator Alexandre de Moraes liberou a denúncia para apreciação da Primeira Turma da Corte. Antes do início da noite, o presidente do colegiado, Cristiano Zanin, marcou o início do julgamento para 25 de março.

"Parece que o devido processo legal, por aqui, funciona na velocidade da luz", postou Bolsonaro nas redes sociais. A luz percorre 300 mil quilômetros por segundo. Há 120 anos, Albert Einstein concluiu que nada no universo é mais veloz. Espantado com a rapidez que Moraes imprime ao caso da maquinação golpista, Bolsonaro passou a suspeitar que seu algoz desafia a física. Embora já esteja banido das urnas até 2030, insinuou que o objetivo é retirá-lo da sucessão de 2026.

As piores previsões do bolsonarismo encontram amparo no histórico da Primeira Turma do Supremo. O prazo médio entre o recebimento das denúncias relacionadas ao 8 de janeiro e as condenações tem sido de quatro meses. Para o julgamento da denúncia contra Bolsonaro e seus cúmplices mais relevantes, Zanin programou três sessões —uma na manhã do dia 25 de março, outra no período da tarde e a terceira na manhã do dia 26.

Quer dizer: antes do final do mês, devem estar sentados no banco dos réus Bolsonaro; os generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto; o almirante Almir Garnier Santos; o delator Mauro Cid, o deputado Alexandre Ramagem e o ex-ministro Anderson Torres. Até aqui, os companheiros de Turma de Moraes —Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux— têm avalizado por unanimidade decisões do relator sobre envolvidos na trama golpista. Mantido o padrão, a uniformidade reduz a margem de manobra dos advogados para a formulação de recursos.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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