Até Nunes Marques, a toga '10%', refuga subterfúgios do golpismo
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Sem uma defesa crível, Bolsonaro e seus cúmplices recorrem a todos os estratagemas disponíveis para atingir seus subterfúgios. Quando indicou Nunes Marques para vestir uma toga suprema, o futuro réu dispensou os pudores. Referiu-se ao escolhido como "10% de mim no Supremo". No seu penúltimo voto, o ministro deixou o padrinho 100% insatisfeito.
Nunes Marques compôs a maioria que indeferiu os pedidos para afastar do julgamento da denúncia contra o alto-comando do golpe os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin. As defesas de Bolsonaro e dos generais Braga Netto e Mário Fernandes invocavam a "suspeição" dos três. Nem mesmo o ministro que o capitão trata como gorjeta comprou a tese.
Na época em que indicou André Mendonça para o Supremo, Bolsonaro refez as contas: "Agora, tem dois ministros que representam 20% daquilo que gostaríamos que fosse decidido e votado", disse. Tropeçou na matemática, pois os dois indicados valem 18% da Corte. Mas obteve êxito parcial.
Mendonça rejeitou o afastamento de Zanin. Mas foi terrivelmente leal ao ex-chefe ao votar pela suspeição de Moraes e Dino. Voz isolada, não reverteu a goleada contra o padrinho. Mas evitou a unanimidade. Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Mendonça credenciou-se à toga por serviços prestados previamente. Nunes Marques mostrou que a fidelidade a posteriori é menos garantida.