Gonet teve recaída de Aras na fraude da vacina de Bolsonaro
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Depois de morder, Paulo Gonet soprou Bolsonaro. Vinte e quatro horas após ser convertido em réu por comandar a organização criminosa que tramou contra a democracia, o capitão foi presenteado pelo procurador-geral da República com o arquivamento do caso da fraude no cartão de vacina. Alegou-se que não há elementos que justifiquem uma denúncia ao Supremo Tribunal Federal - e o caso foi arquivado pelo ministro Alexandre de Moraes. Curioso, muito curioso, curiosíssimo.
Ex-ajudante de ordem, o delator Mauro Cid revelou ter cumprido ordens de Bolsonaro ao forjar um certificado de vacinação para o chefe e a filha dele, Laura Bolsonaro. Percorrendo o caminho da fraude, a Polícia Federal constatou que os falsos certificados de vacinação contra covid foram emitidos no apagar das luzes do mandato, às vésperas da viagem de Bolsonaro para a Flórida. O acesso ao aplicativo do SUS foi feito num endereço eletrônico do Planalto.
No alvorecer do inquérito policial, o gabinete do antiprocurador Augusto Aras já havia tentado isentar Bolsonaro. Braço direito de Aras, a vice-procuradora-geral Lindôra Araújo sustentou no Supremo que Cid teria "arquitetado e capitaneado toda a ação criminosa à revelia, sem o conhecimento e sem a anuência" de Bolsonaro. Relator do caso, Alexandre de Moraes discordou. Anotou num despacho que "não é crível" a versão de que Cid providenciou certificados de imunização fraudulenta para Bolsonaro e a filha sem o "conhecimento e aquiescência" do chefe.
A falsa imunização emoldurou uma Presidência aloprada. Em 2020, no auge da pandemia, Bolsonaro implicou com vacinas, receitou cloroquina e desrespeitou regras sanitárias. A irresponsabilidade cresceu junto com o número de cadáveres. Disse "e daí?", "não sou coveiro". Afirmou que o brasileiro precisava ser estudado, porque "se joga no esgoto e não pega nada". Chamou de "maricas" os que recearam o vírus. Nesse contexto é ultrajante notar que a Procuradoria tratou a fraude da vacina como uma espécie de crime de bagatela, coisa insignificante. Gonet teve uma recaída de Aras.
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