Desafio do mundo é sobreviver a Trump, o dos EUA é se livrar dele
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Num instante em que a China condiciona o diálogo com a Casa Branca ao fim do bullying tarifário de Trump, as atenções da alta finança americana se voltaram para os lábios de Jerome Powell, o presidente do Fed, o Banco Central dos Estados Unidos. Ele disse que as tarifas de Trump foram "significativamente maiores que o previsto". Avaliou que as mudanças devem pressionar os preços e esfriar o crescimento econômico.
Perguntou-se a Jerome Powell se o Fed poderia intervir caso o mercado derretesse. E ele: "Não". A resposta negativa ecoou o raciocínio de um velho antecessor de Powell. Chama-se Alan Greenspan. Ganhou o sugestivo apelido de "agente funerário". Certa vez, referindo-se aos bancos, disse que negócios quebram por má administração, por decisões erradas ou até por falta de sorte. No caso americano, o nome da ameaça é Trump.
As declarações de Jerome Powell fizeram derreter ações em Wall Street. Nos Estados Unidos, o Banco Central tem a dupla missão de zelar pela estabilidade dos preços e pelo emprego. Frio como uma geleira, Jerome Powell reconheceu que, sob Trump, esses objetivos podem entrar "em conflito". Enigmático, disse: "Se isso acontecer, iremos considerar o quão distante a economia está de cada uma dessas metas e os diferentes horizontes de tempo em que essas lacunas poderão ser fechadas."
Significa dizer que os juros podem ter que subir para anestesiar a inflação ou descer para aquecer o emprego. Powell disse não ter pressa para decidir o que deve ser feito. Nesse cenário, consolida-se a percepção de que a prioridade da China e do resto do mundo é sobreviver a Trump. A dos Estados Unidos é se livrar dele.
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