Entusiasmo do bolsonarismo por Trump revelou-se mau negócio
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Em 20 de janeiro, quando Trump foi coroado pela segunda vez nos Estados Unidos, Bolsonaro teve um surto de entusiasmo. Apresentou-se nas redes sociais como uma "criança de novo". Exultante, postou: "Estou animado. Não vou nem tomar mais Viagra". Os devotos seguiram o mito, pulando de alegria. Não se deram conta de que quem pula com Trump dá um salto mortal.
Pesquisa Ipsos-Ipec revela nesta sexta-feira que 50% dos brasileiros avaliam que as políticas comerciais de Trump estão prejudicando a economia do Brasil. A percepção é maior entre os eleitores de Lula (58%). Mas é compartilhada também pela maioria do eleitorado do próprio Bolsonaro (43%).
Os fatos caminharam na contramão do que esperavam os entusiastas de Trump no Brasil. No dia da coroação, Tarcísio de Freitas enfeitou a cabeça com um boné trumpista e proclamou num vídeo: "Grande dia". Estava em contagem regressiva desde a véspera. "Tá chegando a hora!", exclamou, antes de enaltecer os "novos ventos que apontam para o progresso, prosperidade e liberdade".
O nariz torcido do brasileiro não se restringe ao setor econômico. Questionados sobre a percepção da gestão Trump em termos gerais, 49% disseram que gestão é negativa para o Brasil. Apenas 29% acham positiva.
Os adoradores de Trump saltaram de graça. Bolsonaro ainda não ouviu uma palavra de solidariedade do mito laranja. Ao contrário. Durante a sessão em que foi convertido em réu, Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia citaram em seus votos elogio feito no site da Casa Branca ao sistema de votação brasileiro.
Quanto a Tarcísio, um detalhe potencializa o constrangimento: Algo como 33% das tarifadas exportações do Brasil para os Estados Unidos saem de São Paulo.
Dias atrás, Tarcísio viu-se compelido a elogiar a sobriedade como o governo Lula conduz a negociação com o governo Trump. O entusiasmo do bolsonarismo revelou-se um mau negócio, um caso raro de envelhecimento político precoce.
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