Além de papa, o sucessor de Francisco será gestor de crise
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A eleição de um papa sempre exala um aroma de história. Dessa vez, o conclave tem cheiro de encrenca. O Colégio de Cardeais não escolherá apenas um papa, mas o tipo de crise que a Igreja deseja viver nos próximos anos. A crise pode ser boa ou ruim. Mas parece incontornável.
O papado de Francisco dividiu a Igreja. Os tradicionalistas criticaram os modernismos do papa. Os liberais se queixaram da timidez dos avanços. A crise que está por vir será boa se o próximo papa aprofundar as reformas de Francisco. Será deletéria o DNA conservador da fumaça branca der à luz um recuo da Igreja.
Quando Bento 16 renunciou, a crise do Vaticano, potencializada por escândalos financeiros e sexuais, foi pendurada nas manchetes como um dreno para a fuga de fieis. Houve quem previsse que o anacronismo engoliria o catolicismo. Francisco foi a melhor resposta que o Espírito Santo poderia providenciar.
Com o nome do santo dos pobres, o papa abraçou a causa ambiental. Trocou o julgamento moral pelo acolhimento social. Acolheu divorciados, gays e trans. Valorizou as mulheres tanto quanto pôde. Higienizou o Banco do Vaticano e rosnou para a pedofilia do clero.
Os avanços de Francisco não modificaram o catecismo. Mas aproximaram a Igreja de Deus. Foi a maior lufada de ar nos porões do catolicismo desde o Concílio Vaticano 2º, de João 23.
A escolha de um papa que promova um retrocesso não levará ao extermínio da Igreja. O fim vem sendo prognosticada desde 1517, quando Lutero colocou na porta da catedral de Wittenberg a bula com as teses do rompimento com Roma e da Reforma que embalou o fim da Idade Média e o início do mundo moderno. Mas o retrocesso fará mal ao Vaticano. Está entendido, de resto, que seja qual for o resultado do próximo Conclave, o sucessor de Francisco será, além de papa, gestor de uma crise.
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