Desculpas de Lupi tornam a sua demissão ainda mais necessária
Ler resumo da notícia
As apurações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União sobre o escândalo das aposentadorias tinham deixado Carlos Lupi seminu. As entrevistas do chefe da pasta da Previdência pioraram o que já era horroroso. Há agora na Esplanada um ministro inteiramente nu, esforçando-se para encobrir suas vergonhas com desculpas esfarrapadas. Não há o menor risco de algo assim terminar bem.
Surgiu em cena a advogada Tônia Galleti, ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social. Alertou o ministro em janeiro e junho de 2023 sobre a fumaça que exalava dos descontos feitos nas aposentadorias desde a gestão Bolsonaro. Lupi deu de ombros até para um aviso registrado em ata. Criou-se um ambiente em que até o velho provérbio foi pervertido. Permitiu-se ao ladrão fazer a ocasião.
"A gente recebeu como herança uma instituição completamente dilapidada", disse Lupi. O brasileiro é paciente com a incompetência, mas não com aqueles que são orgulhosos dela. Nos quatro anos de Bolsonaro, o assalto aos aposentados cresceu de R$ 604 milhões para R$ 706,2 milhões. Em dois anos de Lula, foi de R$ 1,3 bilhão para R$ 2,6 bilhões. Lupi multiplicou a maldição.
O ministro alega ter tomado providências. Mas tudo o que diz ter feito deu em nada. "É assim mesmo", resignou-se Lupi. "Quem conhece a administração pública sabe que ela é demorada." A PF e a CGU mostraram que no serviço público, como na vida, aquele que inventa pretextos para que alguma coisa não seja feita acaba sendo desmoralizado por alguém que está fazendo a coisa.
Diante da suspeita de que R$ 6,3 bilhões podem ter sido roubados dos aposentados, a maior contribuição que Lupi poderia fazer ao país seria pedir demissão. O problema é que a enfermidade do incompetente é a falta de competência para enxergar a própria incompetência. Ou Lula percebe que as desculpas tornam a demissão ainda mais necessária ou o status de ministro concedido a Lupi será a forma mais cara de simular preocupação com os aposentados, sem ajudá-los.