Josias de Souza

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Opinião

Em conversa de bêbado, Lupi ofende os donos de botequins

O ministro Carlos Lupi presidiu nesta segunda-feira uma reunião do Conselho Nacional de Previdência. Ainda zonzo com a má repercussão da roubalheira contra os aposentados, Lupi exibiu uma conversa de bêbado. Após admitir que sua pasta demorou "tempo demais" para acordar para as fraudes, o ministro pronunciou a seguinte pérola: "O INSS não é botequim da esquina. Não dá para fazer em 24 horas, o trabalho que precisa ser realizado".

Iniciado sob Bolsonaro, um roubo de milhões escalou a casa dos bilhões. Na estimativa da PF, 11 entidades sindicais morderam ilegalmente R$ 6,3 bilhões dos aposentados. Um escândalo assim não se faz em 24 horas. Lupi dormia no ponto desde 2023. Em entrevistas concedidas no final de semana, o ministro já havia entortado a prosa.

Reconheceu que os malfeitos existem: "Tenho certeza de que tem muita safadeza de muita gente". Mas sustentou que eles estão em outros gabinetes: "O INSS tem liberdade de ação, eu não sou fiscal do diretor". Alegou não ter sido omisso: "Eu trabalho, eu tento resolver". Entretanto, fez uma concessão à condição humana: "Não sou Deus".

A pretexto de se defender, Lupi confessou a própria incompetência. Os clientes do INSS se tornam vítimas antes de virar aposentados, reconheceu. São assediados por entidades sindicais e corretores de empréstimos consignados ainda na fase de análise do papelório necessário à liberação das aposentadorias. "Como eu vou controlar isso? É uma coisa muito difícil de controlar, é muita gente."

O lero-lero de Lupi ofende a paciência alheia e a honra dos donos de boteco. Qualquer um sabe que, num botequim de esquina, maus-tratos à clientela terminam em garrafadas e falência.

Na Previdência, a coisa descamba para a confraternização: "Eu tenho falado normalmente com o presidente Lula, ele sempre de bom humor", disse Lupi numa de suas entrevistas. "Minha função é dele. Quem decide se eu fico é ele, não sou eu. Eu tenho a consciência tranquila." Num ambiente assim, o ladrão faz a ocasião.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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