Centrãozão é pujança liberal 100% feita de déficit público
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O centrão conseguiu o que parecia impossível. Virou centrãozão. O anúncio da federação União-PP é um acontecimento marcante para a política brasileira. Não é todo dia que um conglomerado partidário se junta para consolidar a própria supremacia num país que domina desde as caravelas.
Na certidão de nascimento, o centrãozão é antiestatista. Quer menos governo e mais mercado. Na vida real, é uma pujança liberal 100% feita de déficit público. Sua caixa registradora roça a cifra de R$ 1 bilhão. O fundo partidário da federação soma R$ 954 milhões. A verba é pública, mas sai pelo ladrão como se fosse dinheiro grátis.
Estalando de pureza moral, os líderes do centrãozão defenderam no manifesto inaugural da federação "um choque de prosperidade". Criticam a intervenção excessiva do Estado na economia. Impossível discutir com especialistas. No poder desde Cabral, o centrãozão conheceu a ditadura por dentro. Pulou para o barco de Tancredo. Aninhou-se sob Sarney, Collor, FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro.
Insatisfeito com tudo, centrãozão quer mais. Só pensa em 2026. Já tem o poder congressual e o orçamento federal. Falta a Presidência da República. Tem discurso de oposição. Mas planta bananeira dentro dos cofres de quatro ministérios. Cogita se divorciar de Lula, desde que fique com a Caixa Econômica na partilha dos bens.
Desproporcional como uma baleia no aquário, o centrãozão tem mais cabeças do que miolos. Dedica-se a brigar consigo mesmo. Arthur Lira queria presidir os negócios. Levou uma rasteira de Ciro Nogueira e Antonio Rueda, que anunciaram uma presidência compartilhada. Grávido de Ronaldo Caiado, o centrãozão sonha em dar à luz Tarcísio de Freitas, cuja candidatura cresce no útero do Partido Republicanos.
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