Plano de Lupi para aposentados é genial: 'Passa um Pix aí, vovô'
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Com a gestão cercada pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União, Carlos Lupi apresentou durante audiência na Câmara sua fórmula para acabar com o assalto de entidades sindicais aos aposentados. Não cogita moralizar o controle da folha. Seu plano é deixar a clientela do INSS à própria sorte.
Com quase dois anos e meio de atraso, o ministro da Previdência passou a avaliar que "o governo não deveria se manter nessa relação", entre sindicatos e aposentados. "Não vejo uma solução para o INSS ser intermediário nessa relação", disse ele aos deputados. "Se a gente não estanca esse câncer agora, ninguém segura mais."
A disseminação do câncer é atribuída pela Polícia Federal a assessores que Lupi acomodou na cúpula do INSS. Trocaram propinas pelo acesso não autorizado ao bolso dos aposentados. Depois da fechadura arrombada, Lupi quer derrubar a porta. Avalia que o ideal que é que sindicatos de fancaria assediem livremente os aposentados, sem o anteparo que a lei obriga o INSS a fornecer.
Na primeira metade do terceiro mandato de Lula faltou a Lupi a clarividência de uma criança. A solução veio de um neto do ministro, como ele próprio revelou. "Oras, se eu sou uma associação, eu busco o beneficiário e, como diz meu neto, faz um Pix aí, vovô." Lupi é a demonstração de que a diferença entre a genialidade e a estupidez é que a genialidade tem limites."
A certa altura, Lupi disse na Câmara que sua prioridade é proteger os aposentados. Alguém que alega não ter visto o assalto bilionário que vitimou a clientela do INSS não é um protetor dos sonhos, mas um desafio à oftalmologia. Se o neto de Lupi tiver menos de cinco anos, Lula deveria considerar a hipótese de nomeá-lo para o lugar do avô.
No teatro infantil, com seus enredos básicos, as crianças se integram à catarse. Elas participam do espetáculo. Interferem na história, vaiam os vilões e torcem pelos herois. Avisam para a Chapeuzinho Vermelho, aos berros, que o Lobo Mau vai atacar. Às vezes, invadem o palco para evitar o ataque. O que faltou ao Ministério da Previdência foi uma criança de cinco anos que saltasse da poltrona do teatro em chamas para gritar, a plenos pulmões: "Fuja dos seus assessores, vovô!"
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