Josias de Souza

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Opinião

TCU pulou dentro do caldeirão do escândalo dos aposentados

No serviço público, todo mal começa com as explicações. Habituado a cobrar, o TCU tornou-se devedor de esclarecimentos. Descobriu da pior maneira que morosidade não rima com moralidade. Visto inicialmente como parte da solução, o TCU virou um pedaço do problema.

Em 2023, o TCU farejou o assalto contra os aposentados. Em 2024, o relator Aroldo Cedraz mandou suspender cautelarmente os descontos malcheirosos que transferiam parte das aposentadorias para a caixa registradora de entidades sindicais. Depois de iluminar o caldeirão, o TCU decidiu pular dentro dele.

As entidades e o INSS atravessaram na tomada de contas do TCU um lote de embargos e de agravos. O caso entrou e saiu da pauta de julgamentos meia dúzia de vezes. Na última delas, na semana passada, os ministros transformaram o plenário do TCU numa lavanderia de roupa suja.

Ministro mais antigo do TCU, Walton Alencar realçou que, além de não promover o julgamento dos recursos, o relator Cedraz não devolveu o processo à área técnica, para verificar se a ordem de suspensão dos descontos havia sido obedecida. "Os aposentados continuaram a ter todos os descontos efetuados", constatou. Foi ecoado pelo ex-presidente do TCU, Bruno Dantas. "É muito triste", disse ele. "Estamos falando de mais de R$ 6 bilhões que estão sendo desviados da conta de aposentados."

Irritado, Aroldo Cedraz retirou o processo da pauta pela sexta vez. A decisão sobre os recursos já não tem importância. Desde o ano passado, o TCU gastou mais tempo e energia falando sobre os problemas do INSS do que enfrentando-os. Ao explodir o esquema, a Polícia Federal forçou a interrupção do roubo. De algozes, o TCU e seu relator viraram álibis dos fraudadores.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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