Josias de Souza

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Opinião

Antes de olhar para fora, a Igreja precisa encontrar paz interior

Além da divina e providencial ajuda do Espírito Santo, os 133 cardeais escalados para escolher o novo líder da Igreja Católica precisarão de muito espírito esportivo, pois uma ala da Igreja sairá do conclave irremediavelmente derrotada.

O porta-voz do Vaticano esboçou o drama. Disse que os cardeais expressaram "forte preocupação" com as divisões da Igreja nas reuniões que antecederam o fechamento das portas da Capela Sistina. Não deu detalhes. Nem precisava.

O pontificado de Francisco soprou nos porões da Igreja uma lufada de ar fresco que não se respirava desde o Concílio Vaticano 2º, conduzido por João 23 há mais de seis décadas. O refrigério produziu reações antagônicas.

Os tradicionalistas criticaram a oxigenação por considerá-la excessiva. Os liberais questionaram a timidez do movimento. Na autobiografia de Francisco, escrita em coautoria com Carlos Musso, o papa disse: "Sou apenas um passo".

Os cardeais reunidos em Roma terão que decidir se a Igreja dará o próximo passo para a frente ou para trás. Da resolução desse conflito interno depende a relevância externa que a monarquia católica terá nos próximos anos.

Francisco reaproximou a Igreja dos pobres, combateu a pedofilia do clero, estendeu a mão aos casais divorciados e homoafetivos, abriu espaço para as mulheres, e se consolidou como contraponto cristão às guerras e ao obscurantismo político personificado por Trump.

Um recuo seria trágico. Um avanço sem unidade, insuficiente. Se não encontrar a paz interior, a Igreja Católica perde legitimidade para tratar dos conflitos externos.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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