Josias de Souza

Josias de Souza

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Tornou-se inevitável incluir TCU no inquérito da PF sobre o INSS

O tempo fechou novamente no plenário do Tribunal de Contas da União nesta quarta-feira. Bate-boca iniciado em sessão realizada na semana passada evoluiu para a ameaça de agressão física. No epicentro do embate está o assalto contra os aposentados. Ninguém deseja para as brigas do TCU um epílogo de romance do século 19, época em que os insultos eram lavados com sangue. Mas a reiteração da desavença tornou inevitável a inclusão do órgão no inquérito em que a Polícia Federal investiga o escândalo que eletrifica a conjuntura.

Ministro mais antigo do TCU, Walton Rodrigues voltou a questionar o vaivém do colega Aroldo Cedraz. Relator do caso do INSS, ele protelou meia dúzia de vezes o julgamento de recursos do instituto e de entidades sindicais suspeitas de roubar os aposentados contra decisão que suspendeu em junho do ano passado os descontos fraudulentos. Dessa vez, Walton insinuou que os seis adiamentos provocados por Cedraz foram motivados por "tratativas" espúrias.

"O ministro relator precisa explicar", cobrou Walton. "Quais eram os objetivos dessas tratativas? Eram republicanos, altaneiros?" Cedraz ferveu na poltrona. Colocou-se à disposição decano do TCU para "ir a qualquer lugar com Sua Excelência discutir nossa vida pública aqui dentro". Uma eventual troca de socos seria desigual, pois as suspeitas de Walton são compartilhadas pelo ex-presidente do TCU, Bruno Dantas.

Evocando o barraco da semana passada —"Um quadro nunca antes visto"—, o relator Cedraz disse dispor de "várias informações que posso talvez trazer ao conhecimento da Casa e do Brasil, de como uma estrutura foi montada para que eu pudesse perder a relatoria desse processo". Acusou Walton Rodrigues de criar suspeição "por encomenda". Ao final da sessão, os recursos do INSS e das entidades sob investigação foram, finalmente, negados. Tarde demais. A essa altura, a fraude já impôs às vítimas prejuízos estimados em mais de R$ 6 bilhões.

Depois de tantas ofensas e ameaças dos ministros, nem um apelo do novo papa, a ser escolhido no conclave de Roma, devolverá ao TCU o ambiente de civilidade que convém a um plenário que deveria se dedicar à detecção de malfeitos. De resto, parece claro que o caso não é mais de diálogo, mas de interrogatório. Trabalho para os investigadores da Polícia Federal.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.