Josias de Souza

Josias de Souza

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Opinião

Tornou-se impossível varrer para baixo do tapete os aposentados

O INSS notificou 9,4 milhões de aposentados a esclarecer se autorizaram entidades sindicais a morder um pedaço dos seus benefícios. Nas primeiras 48 horas, pouco mais de 1 milhão de pessoas responderam à convocação. Quase todas (98,3%) disseram não ter autorizado os descontos. Tornou-se impossível continuar varrendo os aposentados para baixo do tapete. O melado escorre pelas bordas.

A semana começou com o Planalto perguntando a meia dúzia de aliados do PSB que ousaram assinar o pedido de CPI mista dos aposentados: "Meus amigos, o que vocês estão fazendo aí dentro desse requerimento?" A semana termina com o PT indagando aos operadores políticos de Lula: "Meus queridos, o que nós estamos fazendo fora das articulações da CPI?"

O senador Rogério Carvalho, líder do PT, disse que o partido pode endossar a CPI desde que a investigação alcance a gestão Bolsonaro. Avesso a CPIs, o líder do governo Jaques Wagner admite mudar de ideia. Antecipando-se, o senador petista Fábio Contarato assinou o requerimento. Rendido às evidências, o Planalto tenta agora influir na composição da futura comissão.

Antes torpedeada por subscrever o pedido de investigação parlamentar, a deputada Tabata Amaral, do PSB, passou a ser cortejada pelo governismo para assumir a relatoria da CPI. Ela se diz disposta a arrostar o desafio. Mas avisa de antemão que não fará concessões à turma do tapete.

Ao permitir que um caso clássico de herança maldita da gestão Bolsonaro se convertesse numa bilionária lambança própria, o governo petista virou sócio do escândalo. O prazo de funcionamento de uma CPI é de seis meses, prorrogáveis por igual período. Com sorte, o ventilador será ligado depois do recesso parlamentar do meio do ano. A comissão pode ganhar outro nome, mas será a CPI da sucessão.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.