Roubo contra aposentados é um empreendimento suprapartidário
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O assalto contra os aposentados tornou-se tão disseminado que eliminou até o benefício da dúvida. Não se chega a um escândalo orçado em R$ 6,3 bilhões por acaso. O mais espantoso é que tudo transcorreu dentro das normas. Servidores desonestos colocaram entidades sindicais larápias dentro da folha do INSS porque enxergaram brechas nas regras. As frestas foram aprovadas no Congresso. O roubo tornou-se um empreendimento suprapartidário.
Dados recolhidos pela Folha nos arquivos do Congresso revelam que 31 congressistas de 11 partidos apresentaram emendas que ajudaram a afrouxar os controles. A esquerda, especialmente o PT, lidera o ranking. Mas há na lista parlamentares do centrão e do PL. Cavalgando três medidas provisórias editadas por Bolsonaro, tornaram os desvios permanentes.
Numa MP, de 2019, o prazo para entidades sindicais revalidarem os descontos, que seria anual, passou a ser a cada três anos. A primeira aferição ocorreria no final de 2021. Mas o Congresso injetou numa segunda MP de Bolsonaro emenda que prorrogou o cotejo para 2022. Meses antes, empurrou-se para dentro de outra MP de Bolsonaro emenda que simplesmente extinguiu a exigência de revalidação dos descontos.
Aprovadas na Câmara e no Senado e sancionadas sem vetos por Bolsonaro, as regras deixaram aposentados humildes à mercê das quadrilhas que morderam durante anos, em pequenas quantias mensais, pedaços dos seus minguados benefícios. Sob Lula, o assalto cresceu exponencialmente.
O avanço das investigações da Polícia Federal não atenua o prejuízo político do governo, que tenta retardar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Congresso. A inevitabilidade de uma CPI é proporcional à quantidade de provas. Mas é preciso distinguir quem deseja investigar daqueles que querem abafar. Para alguns deputados e senadores, a CPI pode virar uma colônia de nudismo.
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