Codevasf migrará do centrão da Câmara para centrão do Senado

Ler resumo da notícia
O governo prepara uma troca no comando da Codevasf. A mudança produzirá duas novidades. A novidade ruim é que não há novidade boa. A novidade péssima é que a estatal continuará sendo um ninho de malfeitorias. Lula vai tirar a chave do cofre das mãos do centrão da Câmara para entregá-la ao centrão do Senado. A verba pública continuará saindo pelo ladrão como se fosse dinheiro grátis.
A exemplo do INSS, ninho do assalto bilionário contra os aposentados, a Codevasf virou um caso típico de herança maldita do bolsonarismo que o petismo converteu em lambança própria. A diferença é que, na estatal, o dinheiro desviado não vem do bolso dos brasileiros idosos. Sai direto do Tesouro Nacional, por meio de emendas penduradas por parlamentares no Orçamento federal.
Marcelo Moreira, o presidente da Codevasf que se prepara para deixar a estatal, foi nomeado por Bolsonaro em 2019. Apadrinhado pelo deputado Elmar Nascimento, antigo líder do União Brasil na Câmara, Moreira foi mantido no cargo por Lula. Desvios detectados pela CGU e pela PF deslizaram suavemente de uma gestão para outra. Malversações novas somaram-se à corrupção antiga.
Num passado remoto, a Codevasf dedicava-se a financiar projetos de irrigação no semiárido nordestino. Sob Bolsonaro, a antiga Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba expandiu suas fronteiras. Com orçamento bilionário, vitaminado pelas famigeradas emendas secretas, passou a irrigar empreendimentos políticos até no Amapá do senador Davi Alcolumbre. Virou uma loja para a satisfação dos desejos dos congressistas —da pavimentação de estradas à distribuição de tratores, carros, freezers, batedeiras, notebooks e máquinas de costura.
Devolvido à presidência do Senado há três meses, Davi Alcolumbre, estrela ascendente do União Brasil, controla dois ministérios na Esplanada: a pasta das Comunicações e a do Desenvolvimento Regional, de cujo organograma pende a Codevasf. Lula delegou ao senador a prerrogativa de indicar o novo presidente da estatal. É mais uma evidência de que, em Brasília, nada se cria, nada se copia, tudo se corrompe.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.