Heroísmo de Freire Gomes fica nu no escurinho do zap de Cid

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O verdadeiro Freire Gomes não está no depoimento prestado à Polícia Federal no ano passado. O Freire Gomes genuíno tampouco está no testemunho exibido há dois dias no Supremo Tribunal Federal. O general autêntico encontra-se numa mensagem de 30 de dezembro de 2022, armazenada na nuvem do celular de Mauro Cid.
Na PF, o ex-comandante do Exército fez pose de legalista intransigente. Ganhou as manchetes como herói da democrática. No Supremo, exibiu uma resistência edulcorada. Negou ter dado voz de prisão a Bolsonaro. Suavizou o golpismo do amigo Almir Garnier, que colocara a Marinha "à disposição" do capitão.
Na mensagem enviada a Cid, o general disse que estava com o "coração triste" e a "alma amargurada". Mas sua "consciência" lhe dizia que Bolsonaro "fez o correto". Naquele dia, 48 horas antes da solenidade em que deveria passar a faixa para Lula, o capitão fugia para a Flórida.
"Deus estará com ele", anotou o general. Mauro Cid, após enaltecer "o assessoramento justo, leal e fiel" de Freire Gomes a Bolsonaro, parecia antever que Deus já havia terceirizado a biografia do ex-chefe ao demônio. "O futuro dirá", anotou, lacônico.
Juntando-se as três versões de Freire Gomes, verifica-se que o general do depoimento à PF estava mais preocupado em fugir do banco dos réus do que em exibir seu amor pela Constituição. No testemunho ao Supremo, o general esclareceu que seu legalismo é de meia-tigela. No escurinho do zap de Cid, o heroísmo de Freire Gomes ficou nu. Ele ajudou a evitar o golpe. Mas fez isso com tristeza no coração e amargura na alma.
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