PGR flerta com o risco de dar a Bolsonaro papel de coitadinho
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Chega um instante em que uma coisa se transforma no seu excesso. Ou no seu oposto. Identificar o instante exato em que uma coisa vira outra coisa nem sempre é fácil. A notícia de que Paulo Gonet cogita pedir o bloqueio das contas de Bolsonaro mostra que o procurador-geral da República precisa abrir os olhos.
Na denúncia sobre a trama golpista, Gonet mostrou que sabia o que estava fazendo. A coisa virou ação penal contra Bolsonaro e três dezenas de cúmplices. Com sua campanha por sanções da Casa Branca contra magistrados brasileiro, Eduardo Bolsonaro forneceu material para o inquérito aberto contra ele.
Bloquear as contas de Bolsonaro por financiar a estadia do filho nos Estados Unidos adicionaria ao episódio uma teatralidade desnecessária. Primeiro porque o bolsonarismo não hesitaria em organizar nova PixCaretagem, para bancar Dudu no Texas. Segundo porque o torniquete financeiro daria a Bolsonaro um papel de coitadinho que ele vem tentando desempenhar sem êxito.
A Primeira Turma do Supremo ouve testemunhas há duas semanas. Os depoimentos reforçaram as acusações contidas na peça da Procuradoria. Não surgiu, por ora, uma mísera novidade capaz de socorrer os réus. Pelo andar da carruagem, as condenações do grupo crucial, que inclui Bolsonaro, sairão até outubro. Instalar gambiarras num processo tão sólido seria burrice.
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