Josias de Souza

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Opinião

Fantasmas do Afeganistão e do Iraque assediam gestão Trump

Existe uma fronteira tênue entre a coragem e a imprudência. Trump sabia que fazia uma aposta arriscada ao bombardear instalações nucleares iranianas no final de semana. O risco é proporcional à incapacidade da Casa Branca de antecipar a resposta do adversário.

Há dez dias, ao iniciar o lançamento de mísseis sobre Teerã, Israel destruiu a mesa em que os Estados Unidos negociavam limites para a ambição nuclear do Irã. Com a incursão do final de semana, Trump disse ter aniquilado na marra uma infraestrutura atômica que a diplomacia não foi capaz de deter.

O grau de destruição do programa nuclear iraniano ainda está pendente de aferição. Mas há no front uma evidência inquestionável: a guerra de Benjamin Netanyahu virou uma guerra de Trump. Constatar que o Irã virou um leão sem dentes é uma coisa. Conviver com a imprevisibilidade de uma teocracia encurralada é coisa bem diferente, e não será fácil.

Se obtiver a improvável submissão do aiatolá Ali Khamenei às suas conveniências, Trump terá produzido um sucesso inédito. Se o líder supremo do Irã optar por uma retaliação que arraste Washington para uma escalada beligerante, Trump corre o risco de chefiar uma Presidência mal-assombrada pelos fantasmas do Afeganistão do Iraque.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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