Josias de Souza

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Opinião

Lula vai ao palanque de salto alto

Lula transformou em comício um evento na Petrobras. Apaixonado pela própria voz, disse a certa altura: "Se acontecer tudo que eu estou pensando, este país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes".

Depois que o slogan "ricos contra pobres" retirou a militância petista das cordas nas redes sociais, alguma coisa subiu à cabeça de Lula. Já não acha necessário nem simular apreço pelas contas. "O modelo da austeridade não deu certo em nenhum país do mundo", declarou em outro evento, do Brics.

Nem parece o mesmo presidente que elevou a alíquota do imposto sobre operações financeiras. No início da semana, Lula chamou de "absurda" a decisão de Hugo Motta de articular a derrubada do seu decreto. "Cada macaco no seu galho", disse. "Eles legislam, eu governo."

Nesta sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes apartou os primatas. Suspendeu num despacho liminar tanto os decretos editados por Lula quanto a revogação do Congresso. Convocou para o próximo dia 15 uma audiência de conciliação no Supremo.

O governo vai à mesa de negociação com as contas desajustadas, uma base parlamentar estilhaçada, um ministério apinhado de aliados da onça e uma agenda pendente de votação no Congresso.

Num ambiente assim, candidato à reeleição que sobe no salto alto prematuramente, antevendo a vitória antes de conhecer o nome do adversário, age como pescador que conta os peixes que ainda estão na água.

Opinião

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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