Investigações apontam Bolívia como lar dos 5 maiores traficantes do Brasil
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A Polícia Civil de São Paulo e a PF (Polícia Federal) continuam sem pistas do paradeiro dos cinco maiores narcotraficantes do Brasil. Eles são ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) e têm condenações. Porém, todos deixaram a prisão pela porta da frente e agora são procurados. Juntos, os criminosos somam um patrimônio estimado em R$ 500 milhões.
As suspeitas, no entanto, são de que André Oliveira Macedo, 43, o André do Rap; Anderson Lacerda Pereira, 40, o Gordão; Suaélio Martins Lleda, 55; Moacir Levi Correa, 42, o Bi da Baixada; e Valdeci Alves dos Santos, 48, o Colorido, estejam escondidos na Bolívia e, de lá, comandando remessas de drogas para a Europa via porto de Santos.
Segundo agentes federais, André do Rap, Anderson, Suaélio e Moacir, além de integrarem o PCC são da mesma quadrilha de narcotraficantes.
Os quatro foram investigados pela PF durante a Operação Oversea, em 2014, e acabaram condenados sob a acusação de exportar toneladas de cocaína para a máfia italiana Ndrangheta, da Calábria.
Assim como os quatro traficantes internacionais, Valdeci também tem como forte reduto a cidade de Santos (SP). Ele é acusado pelo Ministério Público de São Paulo de ser o maior fornecedor de drogas para o PCC nas ruas. O criminoso responde a processo por lavagem de dinheiro e teve a prisão preventiva decretada pela Justiça de SP na semana retrasada.
As libertações dos maiores traficantes de drogas do país tiveram repercussão internacional. No Brasil, as solturas causaram indignação e provocaram polêmica nos meios jurídico, político, advocatício e policial.
Milionários e procurados
Condenado a 15 anos e seis meses, André do Rap deixou a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau no dia 10 de outubro deste ano. Ele foi solto a mando do ministro Marco Aurélio de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).
O narcotraficante é dono de aeronaves, barcos de luxo, mansões e veículos importados. O Ministério Público e a Polícia Civil calculam em R$ 150 milhões o patrimônio de André do Rap.
Os advogados dele, Anderson dos Santos Domingues e Áureo Tupinambá disseram que ele não tem bens nesse valor e nem integra o crime organizado Segundo os defensores, a inocência de André do Rap será provada em momento oportuno e também as nulidades da Operação Oversea.
Moacir, o parceiro de André do Rap, também foi libertado por ordem do ministro Marco Aurélio de Mello. Ele é condenado a 29 anos e estava preso na Penitenciária Federal de Porto Velho. O criminoso responde a processo por tentativa de homicídio. O UOL não conseguiu contato com a defesa dele.
Imóveis, clínicas e minizoológico
Anderson Gordão é outro narcotraficante acusado de ter patrimônio milionário, avaliado em R$ 130 milhões. Segundo apurações da Polícia Civil, ele é dono de 15 casas de alto padrão em um condomínio de Arujá (SP), além de 38 clínicas médicas e odontológicas e um minizoológico na Grande São Paulo.
Condenado a sete anos por tráfico internacional, Anderson foi preso em 2010 e acabou solto em agosto de 2011. Ele é procurado pela PF desde 2014 por causa do envolvimento na operação Oversea. Responde a processo por lavagem de dinheiro na Justiça de Guarulhos (SP). A defesa de Anderson garante que ele jamais integrou o crime organizado e é inocente da acusação de lavagem de dinheiro.
Em julho deste ano, o narcotraficante Suaélio saiu pelo portão principal da Penitenciária 1 de Mirandópolis. Ele foi solto por determinação de um desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, por ser considerado do grupo de risco de covid-19.
Após insistentes apelos do Ministério Público, a Justiça voltou atrás na decisão. Mas já era tarde. A exemplo de André do Rap e Moacir, o criminoso Suaélio também prometeu ir para Santos, onde tem residência, mas desapareceu. Ele é condenado a 41 anos. O UOL não conseguiu contato com os advogados dele.
Liberado na saída temporária, nunca mais voltou
Acusado de integrar a alta cúpula do PCC, Valdeci está nas ruas desde 7 de agosto de 2014. Ele deixou a prisão ao ser beneficiado pela Justiça com a saída temporária do Dia dos Pais. Deveria ter retornado ao presídio na semana seguinte para cumprir a pena em regime semiaberto, mas jamais voltou.
Valdeci é um dos 20 criminosos investigados pela Operação Sharks, deflagrada em setembro deste ano pelo MP e é réu por lavagem de dinheiro. O núcelo do qual ele faz parte, segundo o MP, é acusado de ter movimentado R$ 1 bilhão entre 2018 e 2019.
Bruno Ferullo, advogado de Valdeci, disse que as acusações e denúncias feitas pelo MP contra seu cliente são infundadas e que ele não é traficante de drogas nem integra o crime organizado.
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