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Josmar Jozino

Acusado na morte de fundador da Mancha Alviverde é absolvido após 3 anos

Carro de Moacir Bianchi, assassinado em emboscada em 2017 em São Paulo - Edison Timoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo
Carro de Moacir Bianchi, assassinado em emboscada em 2017 em São Paulo Imagem: Edison Timoteo/Futura Press/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

11/11/2020 04h03

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Após mais de três anos preso, Alan Rodrigues Hernandes, 39 anos, foi inocentado pela Justiça de São Paulo de participação no assassinato de Moacir Bianchi, 48, o Moa, fundador da Mancha Alviverde, torcida organizada do Palmeiras.

O crime ocorreu em março de 2017 na zona sul de São Paulo, quando a vítima foi alvo de 14 tiros em uma emboscada.

Hernandes estava preso desde o dia 4 de setembro de 2017. Ele foi acusado pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, de ter dirigido seu táxi para interceptar o carro da vítima durante a cilada.

Segundo o DHPP, assim que o semáforo fechou, o carro de Hernandes parou e impediu a passagem do veículo dirigido por Bianchi.

Cláudio Márcio de Oliveira, advogado de Alan, sustentou na 1ª Vara do Júri da Capital que seu cliente conhecia os outros réus de vista, mas não tinha amizade com eles e foi coagido por ambos, sob a ameaça de morte, a usar o táxi na armadilha. A absolvição foi confirmada depois que quatro dos sete jurados consideraram o réu inocente. O sétimo voto não precisou ser computado porque a maioria já havia sido alcançada.

Outros acusados pela emboscada estão presos

No atentado, também encurralando a vítima, estava o automóvel ocupado por Rafael Martins da Silva, o Zequinha. O fundador da Mancha Alviverde percebeu que seria atacado e tentou fugir, mas o carro dele ficou preso no meio dos outros dois.

No banco do passageiro de Zequinha estava Marcello Ventola, ladrão de joalherias, condenado a 38 anos de prisão, dono de extensa ficha criminal e ligado ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele cumpriu pena com líderes da facção na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP) e havia saído da prisão em 2015.

Investigadores afirmaram que Ventola desceu do carro, sacou uma pistola e efetuou 14 disparos contra Bianchi. Câmeras de segurança registraram a ação e ajudaram a identificar os acusados.

O atirador foi preso em 18 julho de 2017 em Osasco, na Grande São Paulo. Ele usava documento falso. Zequinha foi detido em 29 de agosto de 2017 em Itanhaém, litoral sul de São Paulo. O Ministério Público denunciou ambos à Justiça. Eles ainda não foram julgados pelo assassinato.

Um fato atípico aconteceu durante o processo, que corre em segredo de Justiça. A testemunha protegida que forneceu ao DHPP informações importantes sobre a motivação do crime e sobre o assassino e que ainda fez o reconhecimento fotográfico dele, foi arrolada como testemunha da acusação e também da defesa do réu apontado como o autor do homicídio.

Assassinato foi antecedido por briga na sede da organizada

O DHPP apurou que um dia antes de ser assassinado, Bianchi participou de reunião na sede da Mancha Alviverde e discutiu com o presidente da agremiação, Anderson dos Santos Silva, o Nando, acusando-o de indicar indivíduo do crime organizado para a diretoria da agremiação. Esse indivíduo era Marcelo Ventola, que inclusive estava no local naquele momento.

A reunião, tensa e marcada por brigas, aconteceu por volta das 21h do dia 1º de março de 2017. No início da madrugada do dia 2, Bianchi sofreu o atentado. Para o DHPP e Ministério Público, Hernandes havia participado na emboscada à vítima.

Hernandes estava preso em uma Penitenciária de Mirandópolis (SP). Ele foi absolvido da acusação de assassinato na última sexta-feira (6), mas só foi solto na noite de segunda-feira (9), segundo o advogado Cláudio Márcio de Oliveira. O UOL não conseguiu contato com os defensores de Ventola e Zequinha.