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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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PMs da Rota prendem 2 acusados de integrar PCC; tropa não mata há 25 dias

Homens suspeitos de pertencerem ao PCC - Arte/UOL
Homens suspeitos de pertencerem ao PCC Imagem: Arte/UOL

Colunista do UOL

29/06/2021 04h00

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Acompanhados por promotores de Justiça, PMs da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) prenderam na semana passada dois homens acusados de integrar uma célula do PCC (Primeiro Comando da Capital) responsável pelo levantamento de endereços de autoridades juradas de morte pela facção.

Marcelo Augusto Santana, 45, o Hip Hop, e Júlio César Vieira da Silva, 40, conhecido como 130, foram presos no último dia 22 durante a Operação Jiboia 2, deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MPE (Ministério Público Estadual).

O UOL tentou localizar os advogados de Marcelo Augusto Santana e de Júlio César Vieira da Silva, mas não conseguiu.

Hip Hop foi preso no apartamento onde morava, no 4º andar de um prédio no bairro Guilhermina, na Praia Grande, Baixada Santista. Os policiais militares tiveram de arrombar a porta do imóvel. O suspeito ainda chegou a se trancar em um dos quartos.

Segundo o MPE, Hip Hop é portador de ficha policial extensa e tem passagens por associação ao tráfico de drogas, tráfico de drogas, desacato, formação de quadrilha, porte de arma, receptação e tentativa de homicídio. Ele estava solto desde 2017.

Já o preso 130, também apelidado de Saraiva, cumpria prisão domiciliar. Ele havia sido preso em flagrante por tráfico de drogas em 3 de maio de 2019, quando o Gaeco deflagrou a Operação Jiboia 1. Na ocasião, PMs disseram ter apreendido 4 kg de cocaína na casa do acusado.

A Justiça concedeu o benefício da prisão domiciliar para Saraiva em 27 de março do ano passado. A autorização partiu do Deecrim-1 (Departamento Estadual de Execução Criminal da 1ª Região) porque Saraiva é do grupo de risco para covid-19. A Rota o prendeu na semana passada na região do Morumbi, zona sul.

As operações Jiboia 1 e 2 foram deflagradas para estrangular o núcleo do PCC responsável pelo planejamento de atentados contra agentes públicos e instituições do Estado. O nome é uma alusão às cobras Jiboias, que estrangulam suas presas.

Entre os alvos ameaçados de morte pelo grupo criminoso estavam o promotor de Justiça do Gaeco de Presidente Prudente, Lincoln Gakiya; o coordenador dos presídios da região oeste do estado, Roberto Medina; e ainda funcionários do sistema prisional e militares.

Tropa não mata desde que passou a usar câmeras

Saraiva e Hip Hop, além de presos, também foram fichados e fotografados pelos policiais militares da Rota. Promotores de Justiça do Gaeco de São Paulo acompanharam a prisão de ambos.

Desde que passaram a usar câmeras na farda, no dia 4 deste mês, os homens da Rota, considerada a tropa mais letal da Polícia Militar do Estado de São Paulo, não se envolveram mais nas chamadas ocorrências de resistência seguida de morte.

O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) —unidade da Polícia Civil responsável pelos atendimentos de casos de confrontos envolvendo policiais— informou ao UOL que a última ocorrência da Rota registrada como "morte decorrente de intervenção policial" aconteceu em 31 de maio deste ano no bairro do Ipiranga, zona sul de São Paulo.

Além de Saraiva e de Hip Hop, o MPE denunciou à Justiça, na semana passada, em decorrência da fase 2 da Operação Jiboia, outros três integrantes do PCC acusados de pertencer à mesma célula criminosa.

Dois deles, Carlos Henrique da Silva, 50, o Carlão, e Adriano Dantas de Araújo, 36, o Jó, já se encontravam presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, forte reduto do PCC. O outro denunciado pelo MPE é Nadim George Hanna Awad Neto, 43.

Nadim está desaparecido há quase quatro meses. Segundo a Polícia Civil, ele foi sequestrado por integrantes do PCC, como informou esta coluna em 5 de março de 2021, e deve ter sido assassinado pelo "tribunal do crime" da própria facção.