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Josmar Jozino

REPORTAGEM

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Justiça Federal em MS condena chefe do PCC no Paraguai a 33 anos de prisão

Weslley Neres dos Santos, acusado de integrar o PCC, preso no Paraguai - Divulgação
Weslley Neres dos Santos, acusado de integrar o PCC, preso no Paraguai Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

10/09/2021 17h19

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A Justiça Federal de Ponta Porã condenou Weslley Neres dos Santos, 35, apontado como chefe do PCC (Primeiro Comando da Capital) na região de fronteira entre Mato Grosso do Sul e Pedro Juan Caballero, no Paraguai, a 33 anos e 4 meses pelos crimes de associação à organização criminosa e tráfico de drogas.

Segundo o Ministério Público Federal, Weslley, também conhecido como Bebezão, passou a ser investigado pela Polícia Federal em outubro de 2020, quando foi flagrado conduzindo uma caminhonete relacionada a Giovanni Barbosa da Silva, 30, Koringa ou Bonitão, preso em janeiro deste ano.

Koringa era outro chefe do PCC na região de fronteira. Depois que foi preso, Bebezão assumiu o lugar dele. Na caminhonete abordada, policiais federais encontraram o passaporte de uma das namoradas de Koringa e um telefone celular dele, além de dinheiro.

As ligações telefônicas de Koringa já tinham sido interceptadas com autorização judicial. De acordo com o MPF havia uma série de diálogos entre os dois criminosos. As conversas gravadas tratavam de assuntos relacionados ao tráfico de drogas e à rotina do PCC.

Agentes federais prenderam Bebezão em março deste ano, em Pedro Juan Caballero, junto com outros integrantes do PCC. Com o bando foram apreendidos fuzis, munição, coletes à prova de bala, veículos e diversos aparelhos de telefone celular.

A quadrilha foi surpreendida em um galpão, onde realizava uma reunião com um integrante do PCC na Bolívia para tratar de uma ação criminosa. As suspeitas eram de que os criminosos planejavam roubar transportadoras de valores e agências bancárias na fronteira do Paraguai.

Em 25 de junho de 2020, a Polícia Federal havia deflagrado a Operação Exílio, justamente para identificar e prender os integrantes do PCC na região de fronteira. A partir daí foi aberto o inquérito que investigou Koringa e que resultou também na comprovação da relação dele com Bebezão.

"Quartel-general do PCC"

As investigações da Operação Exílio apontaram que o PCC havia montado um "quartel-general" com 174 criminosos, a maioria de São Paulo, nas cidades gêmeas de Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

Em um dos celulares apreendidos tinha um arquivo denominado "Levantamento dos Irmãos no Paraguai". A PF apurou que era um cadastro com os nomes dos 174 integrantes do PCC que se encontravam na fronteira.

O primeiro nome da lista era o de Koringa. Ele foi preso em 9 de janeiro deste ano também em Pedro Juan Caballero. O criminoso foi tido como o braço direito de Anderson Lacerda Pereira, 41, o Gordão, foragido da Justiça, procurado pela Interpol e considerado um dos maiores narcotraficantes ligados ao PCC.

Baleado na perna por policiais militares em 30 de novembro de 2017, na zona norte de São Paulo, Koringa foi medicado na clínica Vida mais Vida, no Arujá, Grande São Paulo, aberta por Gordão para socorrer integrantes do PCC feridos em confrontos.

Gordão foi acusado de abrir outras 38 clínicas para lavar dinheiro. O patrimônio dele foi avaliado em R$ 130 milhões, obtido graças às exportações de cocaína para a Europa - segundo a PF, via Porto de Santos.

Bebezão cumpre pena na Penitenciária Federal de Porto Velho, em Rondônia. A coluna não conseguiu contato com os advogados dele nem com os defensores de Koringa.

As disputas por poder e dinheiro dentro da principal organização criminosa do Brasil são narradas na segunda temporada do documentário do "PCC - Primeiro Cartel da Capital", produzido por MOV, a produtora de documentários do UOL, e o núcleo investigativo do UOL.