Topo

Josmar Jozino

exclusivo
REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Homem invade presídio em SP e deixa sacola com 128 celulares

Colunista do UOL

20/06/2022 13h13

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

O CPP (Centro de Progressão Penitenciária) Ataliba Nogueira, em Campinas (interior de São Paulo), estava vazio na noite do último dia 18 e madrugada seguinte. Boa parte dos 2.435 presos havia deixado a unidade, com autorização judicial, na saída temporária de junho de 2022.

Um desconhecido aproveitou a oportunidade, pulou o muro de um dos pavilhões, cortou o alambrado da cerca e, em seguida, correu direto para um dos alojamentos vazios, na ala J.

Ele deixou uma sacola no local e dentro dela havia 128 telefones celulares, 63 carregadores, 60 chips, 63 cabos e 20 fones de ouvido. Essa foi uma das maiores apreensões de aparelhos de telefonia móvel registrada no sistema prisional de São Paulo.

A apreensão foi feita por policiais penais do turno três da unidade. No dia seguinte à invasão do CPP, um agente penitenciário, ao olhar as câmeras de segurança do presídio, onde detentos cumprem pena em regime semiaberto, viu as imagens do desconhecido entrando na unidade.

Segundo a direção do Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo), essa foi a maior apreensão de telefones celulares em presídios paulistas e frustrou as ações do PCC (Primeiro Comando da Capital). Procurada, a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária), ainda não se manifestou.

Agentes penitenciários ouvidos pela coluna disseram, na condição de anonimato, que a facção criminosa tentou inserir os equipamentos na unidade, para que seus integrantes, de dentro da prisão, pudessem comandar crimes, como sequestros, tráfico de drogas e até golpes via pix.

Na ala J, onde os aparelhos foram deixados pelo desconhecido, ficam detentos que também foram beneficiados judicialmente com a saída temporária.

A saída temporária é um benefício previsto pela LEP (Lei de Execução Penal) para os presos do regime semiaberto com bom comportamento e que já cumpriram um sexto da pena —no caso dos primários— e um quarto —no caso dos reincidentes.

Antes da pandemia de covid-19, os presos podiam deixar o presídio na saída temporária do Natal/Ano Novo; Páscoa; Dia das Mães; Dia dos Pais; Dia das Crianças ou Finados. As saidinhas foram interrompidas ao longo de 2020 por causa da pandemia. Em 2021, houve alteração nas datas e os benefícios foram agendados para março, junho, setembro e dezembro.

Nos meses de março, junho e setembro, os detentos podem deixar a unidade na terça-feira da terceira semana do mês, às 6h, e retornar às 18h da segunda-feira seguinte. A data da saída, no entanto, pode ser alterada de acordo com a direção de cada presídio e consentimento judicial.

No caso do CPP Ataliba Nogueira, ao menos 2.000 presidiários foram autorizados a sair na terça-feira (14) com retorno previsto para as 18h desta segunda-feira (20). Quem não voltar no prazo estabelecido é considerado evadido e perde o benefício da progressão da pena.

Franco da Rocha

No CPP de Franco da Rocha, na Grande São Paulo, agentes da base de escolta de Santana (zona norte de SP), trocaram tiros com criminosos por volta das 3h desta segunda-feira.

Nenhum policial penal ficou ferido. Após o tiroteio, os agentes encontraram um mochila contendo 51 telefones celulares, 36 baterias, 56 carregadores e 28 chips. Também foram encontradas uma escada, uma corda grande e outra mochila com roupas e alimentos.

A ocorrência foi apresentada pelos agentes de escolta em uma delegacia de Franco da Rocha.