Topo

Josmar Jozino

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Sargento acusado de receber R$ 200 mil mensais do PCC é expulso da PM em SP

Policial militar Farani Salvador Freitas Rocha Júnior, suspeito de prestar serviços ao PCC - UOL
Policial militar Farani Salvador Freitas Rocha Júnior, suspeito de prestar serviços ao PCC Imagem: UOL

Colunista do UOL

01/05/2023 11h17

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A Polícia Militar expulsou dos quadros da corporação o sargento Farani Salvador Freitas Júnior, 39. Segundo a Corregedoria da PM, ele praticou atos atentatórios e desonrosos à instituição, ao Estado e aos direitos humanos, consubstanciando as transgressões disciplinares de natureza grave.

O sargento foi acusado de ser o mandante do assassinato do cabo Wanderley Oliveira de Almeida Júnior, 38, morto a tiros em 5 de fevereiro de 2020, em um restaurante japonês em Itaquera, zona leste paulistana. Ele, porém, foi absolvido pelo 1º Tribunal do Júri da Capital em 12 de agosto de 2022.

Segundo investigações da Polícia Civil, o cabo havia feito um dossiê contra o sargento, denunciando-o por envolvimento com traficantes de drogas da favela Caixa D'Água, também na zona leste, ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital).

O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) apurou que Wanderley chegou a comentar com colegas de farda que o sargento recebia R$ 200 mil por mês do PCC e iria comunicar o fato aos superiores. O cabo também disse que se algo acontecesse com ele, o responsável seria Farani.

O julgamento do sargento durou três dias no plenário 6 da 1ª Vara do Júri da Capital, no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste. Os jurados, por maioria de votos, consideraram a ação penal improcedente e decidiram absolvê-lo pela ausência de participação no crime.

Após anunciar a sentença de absolvição, o juiz Ricardo Augusto Ramos, presidente do júri, expediu alvará de soltura em favor do sargento. Ele estava com a prisão preventiva decretada pela Justiça desde julho de 2020 e ficou recolhido no Presídio Militar Romão Gomes, na Água Fria, zona norte.

Procurado pela reportagem, o advogado Eduardo Kuntz, defensor do sargento Farani Salvador Freitas Júnior, afirmou que "infelizmente não é a primeira vez que a defesa precisa buscar intervenção do Poder Judiciário para corrigir irregularidades e abusos da esfera administrativa".

Kuntz acrescentou que "as providências serão tomadas e, mais uma vez, os defensores estão confiantes de que no menor espaço de tempo possível a Justiça será restabelecida para o sargento Farani".

Em nota divulgada no dia da absolvição do sargento, os defensores do réu "lamentaram que a verdade tenha levado mais de dois anos para ser restabelecida e celebraram a decisão do conselho de sentença", como divulgou esta coluna em 13 de agosto de 2022.

Lavagem de dinheiro

Farani responde a outro processo em São Paulo. Ele é reu na 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital. A Justiça autorizou a quebra do sigilo bancário dele. Um IPM (Inquérito Policial Militar) também foi aberto para investigar o caso.

No IPM consta que "pesa sob o militar a suspeita de receber vantagem financeira por parte de facção criminosa atuante no estado de São Paulo". O documento diz ainda que "apurou rendimento extremamente superior aos auferidos licitamente pelo cargo público que ocupa".

O inquérito mostra que "de janeiro de 2019 a março de 2020, o militar movimentou cerca de R$ 749.095,53, o que deixa clara percepção de vantagem econômica diversa dos proventos aos quais faz direito, pois no mesmo período, ele percebeu a título de proventos, R$ 45.570,35".