Membro do PCC de SP preso em Campina Grande montou milícia na PB, diz PF
Josenias Pereira da Silva, 33, o Boy, integrante do alto escalão do PCC (Primeiro Comando da Capital) de São Paulo, foi preso pela Polícia Federal, na última quarta-feira (24), na cidade de Campina Grande, no estado da Paraíba.
A prisão aconteceu no âmbito da Operação Fênix, deflagrada no Distrito Federal, São Paulo, Paraná, Tocantins e Paraíba para desarticular um grupo acusado de formar no Brasil uma milícia privada envolvida no tráfico internacional de armas procedentes do Paraguai.
Foram cumpridos três mandados de prisão preventiva e oito de busca e apreensão e bloqueados R$ 1 milhão em contas bancárias dos suspeitos. A detenção de Boy chegou a ser filmada em Campina Grande. O UOL teve acesso aos vídeos e fotos.
Segundo a Polícia Federal, Boy, natural de Aguiar, na Paraíba, trocou a Favela de Paraisópolis, na zona sul paulistana, para consolidar a hegemonia da facção criminosa paulista em território paraibano com auxílio de comparsas.
Cem câmeras de vigilância
As investigações apontam que Boy espalhou ao menos 100 câmeras de vigilância em uma cidade para monitorar a chegada de policiais. Além disso, o membro do PCC também é acusado de comandar o tráfico de drogas em várias regiões do estado e de cobrar moradores e comerciantes em troca de segurança.
Os agentes apuraram ainda que vários moradores foram expulsos de suas casas e alguns desafetos de Boy teriam sido mortos é em Aguiar e nas cidades vizinhas. Além dele, a PF prendeu Gabriel Mendes de Souza.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos dois presos, mas o espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado, caso haja um posicionamento dos defensores de ambos.
Conhecido da polícia paulista
Boy é um velho conhecido da polícia de São Paulo. Em 5 de maio de 2021, ele foi preso na região dos Jardins, bairro nobre de São Paulo, por policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), a tropa de elite da corporação.
O traficante de drogas chegou a ficar hospedado com nome falso no Hotel Transamérica Prime Internacional, na Alameda Santos, um dos endereços mais ricos da capital paulistana. Ele circulava com um Mini Cooper na região da Paulista, quando foi abordado pelos militares.
Nos endereços relacionados ao faccionado do PCC, os PMs apreenderam 280 kg de explosivos, 138 kg de drogas, 2.420 cartuchos de diversas armas, 92 carregadores de fuzil e pistola e 90 balas de metralhadora calibre 50 encontrados na favela Paraisópolis, na zona sul, no mês passado.
Além dos explosivos encontrados em três endereços do Morumbi e Paraisópolis, policiais militares também encontraram camisetas com emblemas das Polícias Federal e Civil, documentos de porte de arma em nome de policiais civis, além de 140 metros de cordel detonante.
Segundo o Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), outra unidade de elite da Polícia Militar especializada em explosivos, os artefatos apreendidos, caso fossem detonados, poderia levar a comunidade de Paraisópolis pelos ares e causar uma tragédia sem precedentes, com milhares de pessoas mortas.
Antes de ser preso pela Rota, Boy era procurado sob a acusação de assassinar uma mulher e de ter tentado matar um amigo dela em 9 de setembro de 2010, no Brás. Ele virou réu nesse processo.
Em novembro de 2013 foi preso em flagrante por roubo na cidade de Indaiatuba (SP). Na ocasião, dois comparsas dele morreram em tiroteio com PMs. Ele foi condenado a cinco anos e meio. Cumpriu dois anos em regime fechado.
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Quero receberEm 20 de agosto de 2015 foi transferido para um presídio de regime semiaberto. No entanto, em 28 de outubro daquele ano ele acabou beneficiado com a saída temporária do Dia das Crianças e não voltou à prisão. A partir de então passou a ser considerado foragido da Justiça.
Após a prisão em flagrante nos Jardins, Boy foi acusado por tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. Os processos continuam tramitando. Ele acabou transferido para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, forte reduto do PCC no sistema prisional, mas saiu em liberdade em julho de 2022.
Em 27 de janeiro deste ano, Boy e outro comparsa foram presos em Ciudad del Este, no Paraguai. Ambos foram expulsos daquele país e entregues às autoridades da Polícia Federal brasileira no posto de Alto Paraná. Boy, no entanto foi solto novamente e rumou para a Paraíba.
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