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Josmar Jozino

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Reportagem

Esquina Maluca x Paredão: guerra no PCC tem potencializador de celular

Um potencializador de telefone celular foi encontrado em uma cela no CDP (Centro de Detenção Provisória) de São José do Rio Preto, no interior paulista, durante a operação Ligações Perigosas, coordenada em Araçatuba pelo MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo).

O equipamento foi usado para melhorar a comunicação de criminosos presos com aliados e interlocutores nas ruas, segundo investigadores. O sistema permite que o sinal de celular fique maior e supere alguns bloqueios de sinais.

A operação deflagrada na última sexta-feira (6) visa combater a escalada do PCC (Primeiro Comando da Capital) na política de Araçatuba e em outros municípios da região.

Foram expedidos 35 mandados de prisão temporária e 104 de busca e apreensão. Entre os locais onde as ordens foram cumpridas, estão três unidades prisionais. Um vereador foi preso e depois liberado.

O aparelho estava na cela do preso Rafael Vinícius Vargas Sturaro, 31, o Malcriado, uma das lideranças do PCC.

O chamado potencializador de celular foi apreendido pelo GIR (Grupo de Intervenção Rápida), a tropa de choque da SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária), durante o cumprimento de um mandado de busca.

Segundo o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) de Araçatuba, subordinado ao MP-SP, Malcriado e os comparsas presos usaram o equipamento para ordenar as mortes de rivais e controlar o tráfico de drogas no município.

Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontaram que Malcriado liderava o Esquina Maluca, principal ponto de venda de drogas do PCC na região. O grupo dele estava em guerra com o núcleo criminoso conhecido como Paredão, coordenado por Wellington Vieira Matos, o Reré.

Em um dos diálogos interceptados, em 11 de julho, Malcriado admite para uma mulher que as mortes de dois rapazes identificados como Matheus e Kaoan e a tentativa de homicídio de Thaís, irmã de Reré, no bairro São José, foram obra do grupo criminoso dele.

Em outra conversa com a mesma mulher, em 21 de julho, Malcriado orienta a amiga a ficar atenta e a não sair de casa por causa da guerra.

Ele avisa que os comparsas mataram dois rivais na rua Paulino Gatto, ponto de droga da Esquina Maluca. "É os pilantra lá memo [sic]. Nóis que pegou [sic]", comentou.

Para o Gaeco, antes do racha entre os líderes Marco Willians Herbas Camacho, 56, o Marcola, e Roberto Soriano, 50, o Tiriça, o PCC exercia o monopólio do tráfico de drogas no estado, mas agora há conflitos internos na facção em vários locais, como Araçatuba, o que não acontecia há décadas.

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Equipamento ainda não foi periciado

O Gaeco de Araçatuba informou que o potencializador de celular apreendido ainda não foi periciado. A Polícia Civil quer saber como os presos tiveram acesso ao aparelho e aos telefones celulares.

Outro líder do Esquina Maluca foi identificado como Leandro Aguilar Carvalho, irmão de Paulo Giovani de Aguilar Carvalho. Este último é assessor do vereador Antônio Edwaldo Dunga Costa (União Brasil). Os três foram alvos da operação Ligações Perigosas, na última sexta-feira (6).

Os irmãos ficaram presos. O vereador acabou solto após o pagamento de fiança no valor de R$ 4.700. Ainda segundo o Gaeco, Dunga é investigado por suspeita de envolvimento com integrantes do grupo Esquina Maluca. O MP-SP também apura a infiltração do PCC na política de Araçatuba.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Malcriado, Reré, Leandro e Paulo Aguilar e do vereador Dunga. O espaço continua aberto e a reportagem será atualizada se houver posicionamento dos defensores deles.

Reportagem

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