MP denuncia 19 acusados de movimentar R$ 8 bi para bancar políticos do PCC
O MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) denunciou à Justiça 19 acusados de envolvimento em um esquema criminoso que movimentou R$ 8 bilhões por meio de um "banco do crime" e mais 19 empresas para apoiar candidaturas nas eleições municipais em São Paulo.
A maioria foi presa durante a Operação "Decurio", deflagrada em agosto deste ano na capital e em outras nove cidades. Na ocasião, policiais civis da região do Alto Tietê e de outros municípios paulistas cumpriram também 60 mandados de busca e apreensão.
Segundo a Polícia Civil e o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), a movimentação dos R$ 8 bilhões foi efetuada por integrantes do PCC para financiar campanhas eleitorais de candidatos ligados à facção criminosa, conforme noticiou o UOL no dia 1º de setembro.
A Polícia Civil apurou que os denunciados agiam na capital paulista e nos municípios de Itaquaquecetuba, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Santo André e Diadema, na região metropolitana, e também em Avaré e Sorocaba, no interior, e em Santos e Praia Grande, na Baixada Santista.
As investigações tiveram início em 9 de junho de 2023, em Itaquaquecetuba, onde os agentes apreenderam 28 kg de maconha e 8 kg de cocaína na casa de Fabiana Lopes Manzini, mulher de Anderson Manzini, um preso recolhido na Penitenciária 1 de Avaré, um dos fortes redutos do PCC.
Os agentes afirmam que Manzini é ligado a Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, preso na Penitenciária Federal de Brasília e excluído recentemente do PCC por determinação de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, tido como o chefão da organização criminosa.
Na casa da mulher de Manzini, os policiais também encontraram dispositivos eletrônicos e várias cartas escritas pelo preso. Nas correspondências, havia nomes de diversos integrantes do PCC presos e em liberdade. Todos foram identificados. O casal e João Gabriel de Mello Yamawaki também foram denunciados.
Líderes do PCC denunciados
Os promotores de Justiça denunciaram ainda Patrick Uelinton Salomão, o Forjado, integrante da cúpula do PCC. Ele está foragido e a suspeita é de que esteja escondido na Bolívia. O MP-SP também pediu a conversão da prisão temporária para prisão preventiva de 15 dos 19 denunciados.
Décio Gouveia Luiz, o Décio Português, parceiro de Forjado e também da cúpula do PCC, não foi denunciado, mas continua investigado, assim como o advogado Ahmed Hassan Saleh, o Mudi, e outros 14 suspeitos. Os celulares e notebooks apreendidos com eles ainda não foram analisados.
Décio Português já estava com a prisão decretada pelo MP-SP desde a Operação Fim de Linha, deflagrada em abril deste ano pelo Gaeco para apurar a ligação da empresa de ônibus UPBus com o PCC. A prisão de Mudi tinha sido pedida, mas a Justiça negou e impôs medidas cautelares contra ele.
De acordo com a Polícia Civil, os suspeitos que tiveram a prisão decretada eram interlocutores da mulher de Manzini e montaram "um esquema estruturado também para o branqueamento de valores oriundos de diversos crimes, especialmente o tráfico de drogas".
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos denunciados e investigados. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado caso haja manifestações.
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