Preso 1º suspeito de envolvimento em morte de delator do PCC
PMs da Rota prenderam hoje (6) em Guarulhos (SP) Marcos Henrique Soares, 22, suspeito de dar fuga a um dos envolvidos no assassinato de Vinícius Lopes Gritzbach, 38, delator do PCC (Primeiro comando da Capital). Gritzbach foi morto com dez tiros de fuzis no último dia 8, no terminal 2 do aeroporto internacional de São Paulo. A defesa de Marcos disse à coluna que o cliente é inocente.
É a primeira prisão de um suspeito de envolvimento no crime, que completa um mês no próximo domingo (8). Com Marcos, os policiais da Rota apreenderam um celular, grande quantidade de munições de fuzil calibres 556 e 762, e carregadores de fuzil. Os carregadores têm as mesmas características do material usado para matar o delator do PCC.
Os agentes da Rota também prenderam o tio dele, em uma ação que resultou na apreensão de mais de 100 munições de fuzis de diferentes calibres, dois carregadores e uma moto.
A inteligência da força-tarefa, criada para apurar o crime, identificou o local onde Marcos estava escondido. Após monitoramento, os agentes encontraram o homem hoje, após ele retornar para o imóvel, localizado na zona leste de São Paulo, segundo a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo.
Marcos foi levado para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), responsável pela investigação do crime.
Segundo as investigações, Marcos Henrique Soares ajudou Kauê Amaral Coelho, 29, a fugir para o Rio de Janeiro após resgatar dois atiradores que dispararam contra o empresário. Marcos também é apontado como um dos responsáveis por fornecer telefones celulares para a comunicação do grupo.
O DHPP apurou que Kauê usou um Audi preto para ajudar os assassinos do empresário após o crime no terminal 2.
O Audi preto dirigido por Kauê e o Gol preto usado pelos atiradores foram cedidos por Matheus Augusto de Castro Mota, 33. Ele é sócio de Kauê em uma adega em São Paulo.
Kauê e Matheus tiveram a prisão temporária decretada e estão foragidos. O primeiro foi apontado como o olheiro que presenciou a saída de Gritzbach do aeroporto e avisou os comparsas. O DHPP procura um primo dele, suspeito de envolvimento com os mandantes do crime e um atirador já identificado.
Defesa diz que Marcos é inocente
O advogado Luiz Eduardo Kuntz afirmou à coluna que Marcos não tem passagem policial e tem "uma vida absolutamente imaculada", sendo bacharel em direito e o primeiro da família a completar o ensino superior.
Kuntz ressaltou que o cliente "nunca foi afeito a armas ou munições" e que os materiais apreendidos "não são da propriedade" do suspeito, acrescentando que a defesa tem vários meios para provar que Marcos não levou Kauê para o Rio de Janeiro. O advogado acrescentou que ainda não teve acesso aos autos do processo.
Compreende-se à vontade e voluntariedade das Polícias (Civil e Militar) em desvendar os fatos, todavia, não serão toleradas e nem admitidas quaisquer manobras para atribuir os fatos a pessoa inocente, ficando registrado que os culpados por tal erro serão devidamente responsabilizados. Por fim, a defesa permanece à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários e confia no pleno esclarecimento dos fatos no âmbito do devido processo legal.
Advogado de Marcos em nota
O que se sabe sobre o crime até agora
Oito dias antes de ser fuzilado, Gritzbach denunciou à Corregedoria da Polícia Civil agentes supostamente envolvidos em corrupção. Ele também delatou integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) ao MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo).
Imagens do atirador identificado foram divulgadas em primeira mão pelo SBT Brasil. Ele foi flagrado por câmeras de segurança andando tranquilamente na rua em Guarulhos, logo após descer do ônibus 3235 da Viação Campo dos Ouros, no bairro do Jardim Cocaia.
Esse mesmo suspeito e o comparsa dele, o segundo atirador, já haviam sido filmados por câmeras de segurança do coletivo. O registro mostra o momento em que embarcaram em um ponto do transporte público municipal a 6 km de distância do aeroporto, minutos após o assassinato de Gritzbach.
Assim que desceram do ônibus, ambos se separaram. Porém, minutos depois, foram resgatados por Kauê. Logo após matar Gritzbach, os assassinos fugiram no Gol preto dirigido por um comparsa. O veículo teria apresentado problema mecânico e foi abandonado não muito longe do aeroporto.
O motorista fugiu a pé. As armas também foram deixadas nas proximidades, em um terreno baldio. O olheiro havia recebido um Pix de R$ 5 mil de Matheus e tinha fugido para o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, mas acabou expulso de lá por traficantes do CV (Comando Vermelho).
A reportagem apurou ainda que um dos envolvidos no assassinato é ligado ao narcotraficante Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta, assassinado a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo, junto com o motorista, Antônio Corona Neto, o Sem Sangue. Gritzbach foi acusado ter encomendado o duplo homicídio e acabou processado pelo duplo homicídio. Ele sempre negou envolvimento nas mortes, mas desde então passou a receber ameaças do PCC.
Um dos mandantes da morte de Gritzbach foi acusado pelo próprio empresário de ter participado do sequestro dele em janeiro de 2022, também no Tatuapé. O empresário teria investido R$ 200 milhões de Cara Preta em criptomoedas e desviado o dinheiro. No cativeiro, os sequestradores, armados com facas, ameaçaram cortá-lo em pedaços.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, fez uma publicação no X nesta tarde informando a prisão. Já o secretário da SSP-SP, Guilherme Derrite, compartilhou as publicações do governador e não escreveu nada sobre o caso.
Após um trabalho de inteligência, policiais de ROTA acabam de prender um dos criminosos envolvidos no assassinato de Vinicius Gritzbach, ocorrido no aeroporto de Guarulhos. Ele foi preso com munições de fuzil e está sendo conduzido ao DHPP.
-- Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) December 6, 2024
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