Caso Gritzbach: Suspeito preso por ajudar olheiro vivia às escuras
Matheus Augusto de Castro Mota, preso ontem (9) por policiais do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), suspeito de envolvimento na morte de Antônio Vinícius Gritzbach, 38, estava escondido em um apartamento na Praia Grande (SP) e não acendia as luzes à noite.
Ele foi orientado por comparsas a ficar na escuridão no imóvel, para não chamar a atenção de ninguém, principalmente da polícia. Quando uma equipe do Deic entrou no imóvel de surpresa, como divulgou esta coluna em primeira mão, apenas uma pequena televisão ligada iluminava o local.
O rapaz completou 34 anos no último dia 3. E nem pode comemorar o aniversário com os amigos e a família. Os policiais do Deic encontraram a geladeira lotada de alimentos. A intenção de Matheus era ficar escondido por muito tempo, mesmo com os parentes pedindo para ele se entregar.
Mota é o segundo homem preso suspeito de envolvimento no assassinato do empresário e deve passar por audiência de custódia nesta terça-feira. O outro preso é o xará dele, Matheus Soares Brito, 19, capturado por policiais militares na madrugada de sábado.
Participação do preso no crime
Segundo a polícia, Mota emprestou um Gol preto para os dois homens que dispararam dez tiros de fuzis contra Gritzbach, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) e de policiais civis corruptos, no dia 8 de novembro, quando a vítima desembarcou no aeroporto internacional de Guarulhos (SP).
A polícia diz ainda que Mota também emprestou um Audi preto para Kauê do Amaral Coelho, 23, apontado como o olheiro que estava no aeroporto e avisou aos atiradores o exato momento em que o empresário saía pela porta do terminal 2. Ele está foragido e com prisão temporária decretada.
Antes de fugir para o Rio de Janeiro, Kauê resgatou os dois atiradores em um ponto de ônibus, onde ambos abandonaram o Gol preto. Mota passou um pix no valor de R$ 5 mil para o comparsa. Já Matheus Brito teria levado roupas para o olheiro na capital carioca, no dia 11 de novembro.
Os mandantes do crime
A força-tarefa das polícias tem informações de que Kauê e Matheus Mota foram cooptados por um homem de apelido Didi para participar da empreitada criminosa. De acordo com os agentes, eles eram subordinados a outro homem conhecido como João Cigarreiro.
Policiais da força-tarefa disseram que João Cigarreiro e Didi chegaram a sequestrar Gritzbach e o levaram para um cativeiro no Tatuapé, zona leste de São Paulo, poucos dias após o assassinato do narcotraficante Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara preta, e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue.
Ambos foram mortos a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé. Vinicíus foi acusado pelo PCC de ser mandante o do duplo homicídio porque teria investido R$ 200 milhões de Cara Preta em criptomoedas e desviado o dinheiro. Ele sempre negou essas acusações.
No cativeiro estavam um agenciador de futebol, um amigo de infância de Cara Preta; o pai da filha de uma influenciadora com milhões de seguidores; um homem conhecido como Pescador e outro como Nega, além de Cláudio Marcos de Almeida, o Django, e Rafael Maeda Pires, o Japa, já mortos.
Os agentes da força-tarefa acrescentaram que têm as qualificações de Didi (D.S.A) e de João Cigarreiro (E.C.G.C). Segundo policiais, o primeiro é parente do olheiro Kauê. Ambos eram ligados a Cara Preta e segundo a polícia, também integram o PCC.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Matheus Mota, Kauê, Didi e João Cigarreiro. O espaço continua aberto para manifestações e o texto será atualizado se houver um posicionamento.
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