Josmar Jozino

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Reportagem

Caso Gritzbach: Polícia diz que Tacitus é estelionatário e nunca foi do PCC

As investigações da Divisão de Crimes Cibernéticos de São Paulo, subordinada ao Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), apontam que o anônimo Tacitus, que diz ser integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital), nunca pertenceu à facção e, na verdade, trata-se de um golpista e estelionatário.

Tacitus enviou dezenas de e-mails às autoridades do Poder Judiciário, do MP-SP (Ministério Público do estado de São Paulo) e da Polícia Civil afirmando ser rival de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, assassinado a tiros no aeroporto internacional de Guarulhos.

Investigadores dizem que ele sequer conheceu Gritzbach. Em e-mails enviados às autoridades, o anônimo afirmou ter sofrido prejuízo de R$ 6 milhões roubados de duas casas-cofre por dois policiais civis.

As investigações apontam que Tacitus jamais teve casas-cofre, como são chamados os imóveis construídos pelo PCC para esconder armas, drogas e, principalmente, quantias volumosas de dinheiro. O anônimo chegou a dizer que a facção perdeu R$ 90 milhões levados pelos agentes.

Confronta promotores e ameaça outras autoridades

Tacitus também mencionou, em e-mails enviados ao MP-SP, que abriu uma live para assistir ao vivo o assassinato de Gritzbach, morto com 10 tiros de fuzis em 8 de novembro do ano passado, logo após desembarcar no aeroporto. A Polícia Civil diz que isso é pura invenção.

A Polícia Federal já sabe que a pessoa que garante ser rival de Gritzbach e confronta promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado), subordinado ao MP-SP, é a mesma que manda e-mails com ameaças a outras autoridades.

Algumas dessas ameaças foram feitas à delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, da Polícia Federal, em meados do ano passado, como divulgou a colunista do UOL Letícia Casado em 14 de novembro de 2024.

Em um dos e-mails enviados à delegada da Polícia Federal, Tacitus escreve grifado em amarelo: "Reze pelo melhor. Se prepare para o pior". No dia 23 de dezembro de 2024, o anônimo também manda um e-mail para a Polícia Civil de São Paulo com a mesma frase.

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Acostumado a criar factoides

Em mensagem, Tacitus informa que foi acordado com duas notícias. A primeira era a de que dois cardeais da Polícia Civil de São Paulo seriam presos em uma operação sobre o desdobramento das investigações do assassinato de Vinícius Gritzbach. A outra era de que ele já havia se antecipado para evitar a própria prisão.

Tacitus também citou nos e-mails que teria investido mais de R$ 970 mil para obter informações sigilosas em órgãos públicos, como o MP-SP, Polícia Civil, Ministério Público Federal e Polícia Federal.

Policiais civis disseram à reportagem que o anônimo é suspeito de hackear até e-mails corporativos de órgãos públicos, inclusive de pequenas cidades do interior, e de falsificar peças de processos para criar factoides.

Ele também é suspeito de cadastrar e-mail usando provedor da Suíça, utilizando dados de autoridades do Poder Judiciário para não ser identificado pelas forças policiais. "Ele cometeu uma série de crimes, inclusive extorsões, e vai ser identificado e preso por tudo isso", afirmou uma fonte policial. "Além disso pode ser caçado pelo PCC, pois não é da facção e vem falando em nome dela", completou.

Reportagem

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