Gritzbach: Preso do PCC foi procurado pela Corregedoria da PM e ficou mudo

A Corregedoria da Polícia Militar foi até uma penitenciária no interior paulista para ouvir um preso do PCC (Primeiro Comando da Capital) no inquérito que apura o envolvimento de PMs que atuaram na Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) com narcotraficantes da facção criminosa.
O mesmo inquérito investiga ainda outros 14 policiais miliares contratados para fazer a escolta do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, assassinado a tiros em 8 de novembro do ano passado no aeroporto internacional de Guarulhos. Eles foram presos quinta-feira (16).
A oitiva do prisioneiro foi agendada no mês passado, por meio de ofício enviado pela Corregedoria da PM para o diretor-geral da unidade prisional. No dia marcado, uma tenente da Polícia Militar viajou para a cidade do interior onde o detento está recolhido. Mas a missão fracassou.
O presidiário informou que não tinha interesse em contribuir com as investigações e também se recusou a assinar documentos. Ele é apontado como integrante do alto escalão do PCC e acusado até de envolvimento no planejamento de ações terroristas contra autoridades públicas.
A tenente é encarregada pelo IPM (Inquérito Policial Militar) que investiga os PMs que trabalharam na AI (Agência de Inteligência) da Rota e foram acusados de vazar informações sigilosas para o PCC e também os demais que faziam a escolta de Gritzbach.
A reportagem teve acesso ao IPM. O inquérito, até o momento, não explica o que motivou a Corregedoria da Polícia Militar a tentar ouvir em sigilo o preso. O nome dele e o local onde permanece encarcerado serão preservados por razões de segurança.
O detento já foi preso por homens da Rota, considerada a tropa de elite da Polícia Militar. Também foi apontado como comparsa de grandes narcotraficantes ligados ao PCC e responsáveis pelo envio de toneladas de cocaína para a Europa.
Cabo Dênis pediu "seguro"
A delegada Ivalda Aleixo, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) —da força-tarefa responsável pelas investigações do assassinato de Gritzbach— afirmou em entrevista coletiva que o empresário foi morto a mando do PCC.
O cabo Dênis Antônio Martins, acusado de ter assassinado a vítima com tiros de fuzis, foi preso pela Corregedoria da Polícia Militar na quinta-feira (16). Fontes disseram à reportagem que ele pediu para ficar "no seguro", ou seja, em cela solitária no Presídio Militar Romão Gomes.
As mesmas fontes afirmaram que Dênis está com medo de ficar no convívio com os demais PMs presos porque ele já é apontado na prisão como integrante do PCC e acusado de ter sido contratado pela facção criminosa para matar Gritzbach.
A Corregedoria da PM também investiga um tenente do 23º Batalhão (Perdizes). Há suspeitas de que o oficial tenha vazado informações sigilosas do Copom (Comando de Operações da Polícia Miliar) para o cabo Dênis após o assassinato de Vinícius Gritzbach.
Mandados de busca e apreensão foram cumpridos no endereço do tenente e no armário do batalhão onde ele continua trabalhando normalmente. A Corregedoria da PM pediu a quebra do sigilo telefônico do oficial. Ele e o cabo são amigos e atuaram juntos no 42º Batalhão, em Osasco (SP).
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