Josmar Jozino

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Reportagem

Caso Gritzbach: Defesa de delatado diz que cliente não mandou matar ninguém

Defensores de Ademir Pereira de Andrade afirmam que o cliente não mandou matar o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, como vem informando a força-tarefa criada pela SSP (Secretaria Estadual da Segurança Pública), responsável pelas investigações do caso.

A vítima foi morta com dez tiros de fuzis em 8 de novembro do ano passado no aeroporto internacional de Guarulhos. Dias antes, o empresário havia delatado Ademir e outras pessoas por suposto envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital). Três PMs acusados de participação na execução do crime foram presos.

Os advogados Márcio Souza da Silva e Marco Aurélio Gomes de Almeida afirmam em nota que "repudiam acusações infundadas e apelam por responsabilidade por parte das autoridades e dos jornalistas". E ressaltam que o "cliente não mandou matar Gritzbach e jamais integrou o crime organizado".

Leia a íntegra da nota dos defensores de Ademir Pereira de Andrade:

A família vem sofrendo com impactos de reportagem que expõe injustamente o empresário como mandante de um crime sem qualquer evidência.

A publicação de uma reportagem no dia 18 de janeiro de 2025, que acusa Ademir Pereira de Andrade de ser mandante do assassinato do empresário Antônio Vinícius Gritzbach, tem gerado indignação não apenas no meio jurídico, mas também no âmbito familiar e social. Refutamos com veemência as alegações, destacando que a acusação carece de provas concretas, baseando-se apenas em conjecturas irresponsáveis.

Além disso, ressaltamos os danos irreparáveis que a divulgação de informações falsas tem causado à honra e à vida pessoal do acusado e de sua família.

Ademir é engenheiro civil, corretor de imóveis e pai de família, tem sido vítima de uma reportagem que é desprovida de compromisso com a verdade, publicada sem qualquer evidência ou lastro de verossimilhança, a matéria aponta Ademir como mandante de um crime hediondo, mesmo sem apresentar provas materiais ou indícios consistentes que sustentem tal afirmação.

As consequências dessa exposição injusta vão muito além da esfera judicial. A família de Ademir está profundamente abalada. Sua mãe, que enfrenta uma batalha contra o câncer, teve sua saúde agravada após tomar conhecimento das acusações infundadas contra o filho.

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Sua filha, adolescente, tem sofrido com o estigma gerado pela reportagem e, por vergonha e humilhação, sequer consegue frequentar a escola.

Uma reportagem tem o poder de informar e transformar, mas quando se baseia em suposições irresponsáveis, destrói vidas e famílias. É preciso que o compromisso com a verdade prevaleça sobre o sensacionalismo.

A acusação contra Ademir se apoia em informações provenientes de uma colaboração premiada feita por Gritzbach antes de sua morte. No entanto, os fatos mencionados na delação já haviam sido investigados anteriormente, desde 2020, sem que qualquer elemento incriminatório fosse encontrado contra o empresário.

Desde sua prisão temporária, decretada em dezembro de 2024 e prorrogada em janeiro de 2025, nenhum novo elemento de investigação foi apresentado. Ademir colaborou integralmente, fornecendo seu celular desbloqueado às autoridades, mas ainda assim as investigações não avançaram, evidenciando a fragilidade das acusações.

Criticamos duramente a publicação da reportagem, que, ao apontar Ademir como suspeito sem provas concretas, ultrapassou os limites do jornalismo ético e responsável.

Não se pode transformar um cidadão em réu perante a opinião pública sem que haja embasamento factual sólido. A imprensa tem o dever de informar, mas jamais às custas da honra e da dignidade de uma pessoa, especialmente sem provas!

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O impacto emocional e social da matéria, somado à condição delicada de saúde da mãe de Ademir e ao sofrimento de sua filha, exige não apenas um posicionamento ético por parte da imprensa, mas também uma retratação que reconheça os danos causados.

Ademir Pereira de Andrade, um cidadão com residência fixa, histórico profissional íntegro e pai dedicado, está sendo acusado de forma leviana e sem qualquer evidência concreta. A defesa enfatiza que a prisão temporária, prorrogada sem justificativa legal, configura constrangimento ilegal e desrespeito a princípios constitucionais fundamentais.

Precisamos lembrar que não são apenas números ou manchetes; são vidas, famílias e histórias que estão em jogo. O compromisso com a verdade não é apenas uma virtude jornalística, mas um dever ético que deve nortear qualquer publicação.

Enquanto trabalhamos para reverter uma prisão arbitrária e injusta, o apelo pela responsabilidade no uso da palavra pública ecoa como uma necessidade urgente em tempos de desinformação.

O caso de Ademir Pereira de Andrade deve servir como alerta para que, em busca de manchetes, não se destrua aquilo que é mais caro a qualquer cidadão: sua honra e dignidade. Já vimos isto no caso da Escola Base e outros casos em que pessoas foram injustamente acusadas e demonstraram sua inocência, mas nunca tiveram sua boa imagem reestabelecida.

Agora, mais do que nunca, espera-se que as decisões judiciais respeitem os direitos fundamentais do acusado e que a imprensa seja um pilar de verdade, equilíbrio e justiça, ao invés de contribuir para a desconstrução de reputações sem fundamento. (Marcio Souza da Silva e Marco Aurélio Gomes de Almeida, advogados)

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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