Josmar Jozino

Josmar Jozino

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Donos de ONG do 'plano de saúde' do PCC eram assessores de vereadora em SP

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) apurou que dirigentes da ONG Pacto Social e Carcerário, suspeita de criar um "plano de saúde" para presos do PCC (Primeiro Comando da Capital) eram assessores de uma ex-vereadora da Câmara Municipal de São Paulo.

O MPSP (Ministério Público do Estado de São Paulo) investiga se Kauê do Amaral Coelho, 29, suspeito de envolvimento no assassinato do empresário Vinícius Gritzbach e vinculado à ONG, também se infiltrou na administração municipal.

A reportagem não vai divulgar o nome e o partido político da ex-vereadora porque não conseguiu contato com ela.

Luciene Neves Ferreira, 46, presidente da ONG, exercia a função de assessora parlamentar. O marido dela, Geraldo Sales da Costa, 55, era o coordenador especial de gabinete da mesma vereadora. O casal foi preso no último dia 14.

Além de Luciene e Geraldo, outras 10 pessoas —incluindo três advogados— também foram presas durante a Operação Scream Fake (grito falso, em inglês), deflagrada pelo Gaeco e Polícia Civil de São Paulo. O MP-SP denunciou todos por associação à organização criminosa.

Ao cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados à ONG, os agentes encontraram planilhas com datas de encontros de Kauê, Geraldo e Luciane com a vereadora, quando ela ainda exercia o mandato parlamentar.

A Polícia Civil apurou que Kauê pagou R$ 18.350,00 em passagens áreas à Europa para o diretor do documentário "O Grito", Rodrigo Gianetto. Geraldo foi um dos entrevistados no filme. O pagamento foi feito em depósito para uma agência de turismo de Jundiaí, no interior paulista.

O "Grito" narra histórias das famílias de pessoas presas que foram afetadas pela portaria 157/2019 —que proibiu o contato físico e privou detentos nos presídios federais de segurança máxima de manter seus laços sociais e afetivos.

Em nota enviada à reportagem, Gianetto afirmou que o filme teve repercussão em festivais de cinemas internacionais e que a viabilização da viagem à Europa foi realizada de forma lícita. Ele disse que não conhece Kauê e que está disposto a ajudar a prestar esclarecimentos sobre o caso.

Continua após a publicidade

Como operava o "plano de saúde"

As investigações conduzidas pelo MP-SP apontam que o PCC, por meio da ONG, montou um "plano de saúde" para prestar serviços de atendimentos médicos e odontológicos a integrantes da facção presos em São Paulo, principalmente aos presidiários da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau.

Segundo a denúncia, médicos e dentistas foram contratados por advogados e pagos com dinheiro ilícito da organização criminosa. Os serviços incluíam implantes dentários e até procedimentos estéticos, como clareamento dental e botox.

A ONG começou a ser investigada em 12 de setembro de 2021, quando Kethelen Camila Souza, 26, também alvo da Operação Scream Fake, foi visitar o marido preso na Penitenciária 2 de Venceslau e acabou flagrada com quatro cartões de memórias escondidos na barra da calça.

O material tinha citações sobre o tráfico de drogas e a algumas células do PCC, como a "sintonia dos gravatas" ou o braço jurídico da facção; o setor de saúde, com nomes de advogados e médicos e dentistas contratados para atender os presos; e também o setor de reivindicações.

Segundo o MP-SP, "a investigação comprovou que o PCC financiava atendimento de saúde para alguns de seus integrantes, realizando o pagamento de tais serviços por meio de recursos obtidos ao seu caixa ilegal, alimentado através de atividades criminosas".

Continua após a publicidade

O setor de reivindicações criado pelo PCC, diz o MP, "vinha atuando por meio da ONG Pacto Social para divulgar falsas acusações de torturas e abusos por parte de agentes estatais, especialmente nos presídios, visando a desestabilização do sistema penitenciário estadual.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Geraldo Sales, Lucine Neves e Kauê do Amaral Coelho. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver um posicionamento dos defensores de todos os citados.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

38 comentários

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.


Hermes Alves de Jesus Filho

SE FOSSE DO PT, O NOME E O PARTIDO JÁ ESTARIA ESTAMPADO E O TÍTULO SERIA, PARLAMENTAR DO PT TEM VÍNCULO COM O PCC. 

Denunciar

Oswaldo Chaves Junior

Quanta discrição da reportagem para não.dizer o nome.da vereadora, agora poderia o partido que pediu uma.cpi do padre Júlio pedir uma.cpi.do.pcc na câmara.de.sp

Denunciar

Guilherme Costa

O P C C é o braço armado do P T 

Denunciar