Josmar Jozino

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Reportagem

PMs da escolta de Gritzbach vão ser indiciados pelo homicídio, diz DHPP

O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), unidade de elite da Polícia Civil de São Paulo, concluiu as investigações sobre o assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach e vai apresentar o relatório final do caso até a próxima sexta-feira.

Os PMs responsáveis pela escolta de Gritzbach no dia em que foi executado no aeroporto internacional de Guarulhos também serão indiciados na segunda fase do inquérito pelos crimes de homicídio e organização criminosa.

São eles os soldados Adolfo Oliveira Chagas, Jefferson Silva Marques de Souza, Romarks César Ferreira Lima, Samuel Tilltivz da Luz e o cabo Leandro Ortiz. Outros nove PMs envolvidos na segurança pessoal de Gritzbach devem ser indiciados por organização criminosa.

Os 14 PMs tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça Militar e estão recolhidos no Presídio Romão Gomes. Eles respondem por crime militar, porque faziam bico (serviço extra) para Gritzbach, envolvido com narcotraficantes. O inquérito contra eles no DHPP deve ser desmembrado.

Já o relatório principal do DHPP tem como indiciados por homicídio e organização criminosa o soldado Ruan Silva Rodrigues, 32, o cabo Dênis Antônio Martins, 40, e o tenente Fernando Genauro da Silva, 33, presos preventivamente sob a acusação de participação direta na morte de Gritzbach.

O cabo Dênis, do 30º Batalhão (Carapicuíba), é apontado como um dos atiradores que executou Gritzbach. O soldado Ruan, do 20º Batalhão (Barueri) é tido pela Corregedoria da PM como o segundo atirador. Ele é amigo do cabo Dênis.

O tenente Genauro, do 23º Batalhão (Pinheiros) foi acusado de ter dado fuga para o cabo e o soldado. Ele e Dênis trabalharam na Força Tática do 42º Batalhão, em Osasco (SP), e atuaram na mesma viatura em 16 de novembro de 2013. O oficial era amigo de Gritzbach e frequentava a casa dele.

O Departamento de Homicídios também indiciou e vai pedir as prisões preventivas do narcotraficante Emílio Carlos Gongorra Castilho, 41, o Bill ou Cigarreiro, e dos comparsas Diego dos Santos Amaral, o Didi, e Kauê do Amaral Coelho, 29.

Matheus Soares de Brito e Tiago da Silva Ramos, o Bob, engenheiro responsável pelas obras de Cigarreiro, vão ser indiciados por auxílio material porque ajudaram Kauê a fugir para o Rio de Janeiro.

Mandantes do crime

Segundo o DHPP, Cigarreiro e Didi foram os mandantes do assassinato. Kauê é apontado como o olheiro que estava no aeroporto no dia do crime e avisou aos atiradores o exato momento em que a vítima deixava o saguão do Terminal 2.

Os três estão foragidos e vão responder por homicídio e organização criminosa. Didi é parente de Kauê e participou, junto com Cigarreiro, do sequestro de Gritzbach em janeiro de 2022, no Tatuapé, zona leste de São Paulo.

Gritzbach foi levado a um "tribunal do crime" após ser acusado de ter mandado matar o narcotraficante Antônio Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, criminoso influente no PCC (Primeiro Comando da Capital), assassinado a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé.

Cigarreiro é ligado ao CV (Comando Vermelho) do Rio de Janeiro e ao PCC e foi apresentado a integrantes da facção criminosa paulista por Cara Preta. Um dia antes do assassinato de Gritzbach, ele fretou um avião em Jundiaí (SP) e foi para o Rio, onde se refugiou na Vila Cruzeiro, Penha, reduto do CV.

Financiou documentário "O Grito"

A reportagem apurou que Cigarreiro gerenciava a rádio Street, instalada no Condomínio Edifício Parque Avenida, na Avenida Paulista, 1776. Segundo o DHPP, no papel, o proprietário da emissora também é o dono da produtora que financiou o documentário "O Grito", que fala sobre o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). Kauê pagou passagens áreas para o diretor do filme.

Para o DHPP, Gritzbach foi assassinado porque desviou R$ 100 milhões em criptomoedas de Cara Preta e ordenou a morte dele; sumiu com outros R$ 4 milhões de Cigarreiro; e ainda delatou integrantes do PCC para o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo).

As investigações do DHPP apontam que Gritzbach foi morto por um consórcio formado por criminosos do PCC e do CV, com a participação dos três PMs acusados de participação direta na execução do crime e a facilitação dos militares responsáveis pela escolta da vítima.

Além de Cigarreiro e Didi, Gritzbach também havia delatado à Corregedoria da Polícia Civil um delegado e outros seis investigadores acusados por corrupção e um advogado e dois empresários vinculados ao PCC. Todos estão presos preventivamente, mas não respondem pelo homicídio.

Reportagem

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