Racha entre Marcola e Tiriça divide presos do maior reduto do PCC em SP
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O racha entre Marco Willians Herbas Camacho, 57, o Marcola, líder máximo do PCC (Primeiro Comando da Capital), e Roberto Soriano, 50, o Tiriça, expulso da facção, já tem reflexos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), o mais forte reduto da organização no sistema prisional paulista.
O desentendimento entre os dois líderes teve início em junho de 2022, quando Marcola, tido como o número 1 do PCC, disse a um policial penal na Penitenciária de Porto Velho (RO), em uma conversa informal, que Tiriça, considerado até então o número 2 na hierarquia do grupo, era psicopata.
Fontes ligadas à P2 de Presidente Venceslau contaram à reportagem que os presos do Pavilhão 1 estão do lado de Marcola e vão defendê-lo até a morte. Já os prisioneiros do Pavilhão 5 da unidade são solidários a Tiriça. O presídio tem seis pavilhões.
Um grupo de presidiários foi transferido recentemente para a Penitenciária 1 de Avaré, outro importante reduto do PCC. As mesmas fontes disseram não descartar a possibilidade de uma briga generalizada na unidade prisional, com derramamento de sangue e baixas dos dois lados.
A fala de Marcola foi gravada e o áudio acabou usado no júri que condenou Tiriça a 31 anos e seis meses pelo assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo, da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) Paraná, morta a tiros em maio de 2017 na cidade paranaense de Cascavel.
Inconformado com a condenação e com o vazamento do áudio no tribunal, Tiriça chamou Marcola de delator. Os presos Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, ficaram do lado de Soriano. O racha tornou-se público em fevereiro do ano passado.
Os três presos estavam recolhidos na Penitenciária Federal de Brasília, junto com Marcola, mas em outubro do ano passado foram transferidos para a Penitenciária de Mossoró, no Rio Grande do Norte, onde receberam o apoio de outros prisioneiros do PCC.
Maior crise da história
Em 15 de fevereiro de 2024, o PCC divulgou um comunicado aos faccionados explicando que o áudio do diálogo de Marcola com o agente penal foi analisado e a conclusão é a de que foi apenas uma conversa de um criminoso com um policial e que o líder máximo do PCC não fez nada errado.
Nas ruas e no sistema prisional do estado de São Paulo, onde o PCC nasceu e se expandiu, a versão que prevaleceu na ocasião era a de que a "sintonia final" (liderança da organização criminosa), havia inocentado Marcola da acusação de delator.
Na avaliação da "sintonia final", Tiriça, Vida Loka e Andinho foram considerados culpados porque infringiram os artigos 6 e 9 do estatuto do PCC, que proíbem a calúnia e a traição. O documento dizia que o preço para os faccionados que desrespeitam essas regras é a morte.
Dias depois da divulgação do comunicado, os rumores no sistema prisional paulista eram de que a decisão da "sintonia final" do PCC era a mais acertada e seria respeitada nas ruas e nas prisões.
Hoje, pouco mais de um ano após a briga entre Marcola e Tiriça, as opiniões estão divididas nas penitenciárias federais e nos presídios paulistas, especialmente na P2 de Venceslau. Segundo fontes do sistema carcerário de São Paulo, este é o maior racha da história do PCC.
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