Caso Gritzbach: policiais civis montaram células criminosas no presídio
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Uma representação encaminhada à Justiça pelo corregedor-geral da Polícia Civil de São Paulo, João Batista Palma Beolchi, menciona que 11 policiais civis recolhidos no Presídio Especial da corporação montaram três núcleos de células criminosas na unidade prisional.
Beolchi pediu o isolamento dos 11 agentes em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) por um ano em presídio administrado pela SAP (Secretaria Estadual da Administração Penitenciária). A Justiça indeferiu a internação por entender que não há provas contra os acusados.
O corregedor alega que o serviço de inteligência da Polícia Civil apurou "há risco iminente de resgate, fuga estruturada por escavação de túnel, arrebatamento de escolta, entre outros no presídio da corporação, em razão do "poderio financeiro de articulação dessas células criminosas".
Em fevereiro deste ano foram encontrados 20 telefones celulares, R$ 26.739,56, 11 caixas de cerveja, sete facas, dois notebooks, 134 garrafas de bebidas alcoólicas e porções de maconha no presídio.
Em março foram achados mais 10 telefones celulares, R$ 5.966,35, dois chips e dois carregadores de celular, três pen drives e porções de maconha e cocaína.
Membros dos três núcleos foram delatados por Gritzbach
Segundo a Corregedoria, o primeiro núcleo criminoso criado no Presídio Especial da Polícia Civil é composto pelos policiais civis Cléber Gimenez, Thiago Gonçalves e Fabrício Parisi. A representação diz que "em tese, eles integram organização voltada ao tráfico internacional de drogas".
Os três agentes atuavam no 77º DP (Santa Cecília) e foram denunciados à Justiça por participação no maior esquema de corrupção já registrado na Polícia Civil. Eles são acusados por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e teriam movimentado R$ 81 milhões em cinco anos.
O segundo núcleo investigado —diz o corregedor Beolchi— é formado pelo delegado Fábio Baena Martin, pelo agente de telecomunicação Rogério de Almeida Felício e investigadores Eduardo Monteiro, Marcelo Ruggieri e Marcelo de Souza.
Eles foram denunciados à Corregedoria e ao MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) por envolvimento em corrupção por Antônio Vinícius Gritzbach, o delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), assassinado a tiros em 8 de novembro de 2024 no aeroporto internacional de Guarulhos.
A terceira célula —continua a Corregedoria— diz respeito aos presos Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo, e Valmir Pinheiro, o Bolsonaro, também delatados por Gritzbach. Ambos foram presos pela Polícia Federal em 2024 acusados de receber R$800 mil de propina de narcotraficantes.
Para o corregedor "a tônica dessas células criminosas sempre foi e será a obtenção de vantagem financeira e patrimonial indevida, por meio da prática de crimes antecedentes de natureza hedionda, em sua maioria e o maior sinal do poderio econômico dessas estruturas criminosas deu se já em cárcere".
O corregedor inclui ainda nessas células criminosas o policial civil Cyllas Salerno Elia, outro agente delatado por Gritzbach. Consta na representação que às 11h56 do dia 28 de fevereiro deste ano ele deu entrada no Presídio Especial da Polícia Civil por força de mandado de prisão.
Cyllas é réu em ação penal que apura lavagem de dinheiro, organização criminosa, crimes contra o sistema financeiro, entre outros. Ele é titular de um banco digital denominado 2G0 Bank e teria movimentado milhões de reais para narcotraficantes ligados ao PCC.
A reportagem não conseguiu contato com os advogados dos 11 policiais civis. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado se houver um posicionamento dos defensores deles.
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