PCC anuncia fim da trégua com CV e alega mortes de inocentes como motivo
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Um salve (comunicado) divulgado pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) anuncia o fim da aliança com o CV (Comando Vermelho). A trégua entre a facção criminosa paulista e o grupo criado no Rio de Janeiro havia sido firmada em fevereiro deste ano após nove anos de conflito.
O PCC alega que o rompimento "se deve especialmente às mortes de dezenas de inocentes assassinados por pura banalidade". O comunicado diz que a facção criminosa de São Paulo "permanece aberta ao diálogo com todos aqueles que são a favor da paz".
A mensagem diz ainda que o PCC não aceitará que seus faccionados pratiquem qualquer tipo de covardia contra familiares ou pessoas inocentes de qualquer organização. Afirma também que "o respeito à vida humana deve estar acima dos interesses pessoais ou de organizações".
O comunicado deixa claro que "o fim da aliança foi decidido em consenso entre as duas organizações e que o término do acordo ocorreu com respeito e humildade de ambas as partes, reconhecendo os pontos cruciais que envolvem todos os lados".
Uma década de conflitos
Em fevereiro deste ano, após quase uma década de intensos conflitos sangrentos nas ruas e nas prisões do Brasil, com dezenas de baixas dos dois lados, líderes do PCC e do CV tinham decidido selar a paz em todo o território nacional. Na ocasião, as duas organizações criminosas divulgaram "salves" (comunicados) alertando seus "associados" que os ataques entre integrantes de uma facção contra a outra estavam proibidos em todo o País, "até segunda ordem".
Em São Paulo, o comunicado do PCC dizia que estava em acordo com o Comando Vermelho". Outro trecho informava que "estava proibido qualquer tipo de morte em todos os estados". A mensagem era encerrada com os seguintes dizeres: "A paz está de acordo. Até ordens vindas de cima".
Já o CV informava que estava brecado qualquer tipo de ataque contra o PCC até segunda ordem". O comunicado ressaltava que "a casa maior (liderança da facção) estava em negociação de paz, lembrando que não era nada certo, mas por enquanto estava brecado qualquer tipo de ataque.
A trégua chegou a ser confirmada pela Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), órgão subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, após monitorar, com autorização judicial, conversas entre líderes do PCC com advogados na Penitenciária Federal de Brasília.
Segundo o serviço de inteligência da secretaria, a trégua do PCC com o CV previa inclusive a "criação de um escritório de advogados das duas facções em São Paulo e no Rio de Janeiro para defender melhorias aos prisioneiros recolhidos nas penitenciárias federais.
Origem da guerra
O conflito entre o PCC e CV iniciou em 16 de junho de 2016, quando Jorge Rafaat foi assassinado com tiros de metralhadora ponto 50 em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, na fronteira com a cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. A vítima fornecia drogas e armas às duas facções.
Meses depois a guerra se estendeu às ruas e prisões de vários estados brasileiros. Em 16 de outubro de 2016, presos do PCC mataram 10 integrantes da FDN (Família do Norte), aliada ao CV, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, Roraima.
Poucas horas depois, oito presos do PCC foram asfixiados durante um incêndio causado por presidiários da FDN na Penitenciária Ênio dos Santos Pinheiro, em Porto Velho, Rondônia.
Em 1.º de janeiro de 2017, 56 detentos do PCC foram assassinados por integrantes da FDN em uma rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, no Amazonas. Após a rebelião, o governo do estado transferiu 284 presos do PCC para uma cadeia pública na capital.
Em 6 de janeiro de 2017, membros do PCC executaram aproximadamente 33 integrantes da FDN na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR). Oito dias depois, 26 presos do SDC (Sindicato do Crime), aliado do CV, foram mortos por presos do PCC na Penitenciária de Alcaçuz, em Natal (RN).
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