Josmar Jozino

Josmar Jozino

Siga nas redes
Só para assinantesAssine UOL
Reportagem

Caso Gritzbach: Mandantes da morte de delator estão foragidos há seis meses

Seis meses após o assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, o delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), as polícias Civil, Militar e Federal continuam sem pistas de Emílio Carlos Gongorra Castilho, 44, o Cigarreiro, e Diego dos Santos Amaral, 33, o Didi, apontados como mandantes do crime.

A vítima foi morta com tiros de fuzil em 8 de novembro de 2024 no aeroporto internacional de Guarulhos, em São Paulo. Três PMs acusados de participar do homicídio foram identificados e presos.

Gritzbach delatou ao MP-SP (Ministério Público do estado de São Paulo) um advogado e dois empresários acusados de ligação com o PCC, além de oito policiais civis envolvidos - segundo ele - em casos de corrupção. Todos estão presos.

A Justiça decretou a prisão preventiva dos dois fugitivos e de Kauê do Amaral Coelho, 29, primo de Didi, também foragido, e considerado o olheiro que estava no aeroporto e avisou aos PMs atiradores o exato momento em que Gritzbach deixava o saguão do Terminal 2 do aeroporto.

Foragidos sequestraram Gritzbach em 2022

Os três devem responder na Vara do Júri de Guarulhos pelo homicídio e também por organização criminosa. À época, Didi participou, junto com Cigarreiro, do sequestro de Gritzbach em janeiro de 2022, no Tatuapé, zona leste de São Paulo.

Gritzbach foi levado a um "tribunal do crime" após ser acusado de ter mandado matar o narcotraficante Antônio Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, criminoso influente no PCC (Primeiro Comando da Capital), morto a tiros em 27 de dezembro de 2021 no Tatuapé.

Cigarreiro é ligado ao CV (Comando Vermelho) do Rio de Janeiro e ao PCC e foi apresentado a integrantes da facção criminosa paulista por Cara Preta. Um dia antes do assassinato de Gritzbach, ele fretou um avião em Jundiaí (SP) e foi para o Rio, onde se refugiou na Vila Cruzeiro, Penha, reduto do CV.

Para a Polícia Civil, Gritzbach foi assassinado porque desviou R$ 100 milhões em criptomoedas de Cara Preta e ordenou a morte dele; sumiu com outros R$ 4 milhões de Cigarreiro; e ainda delatou integrantes do PCC para o MP-SP.

Continua após a publicidade

Segundo o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Gritzbach foi morto por um consórcio formado por criminosos do PCC e do CV, com a participação dos PMs acusados de participação direta na execução do crime e a facilitação dos militares responsáveis pela escolta da vítima.

PMs atiradores

O relatório principal do DHPP indiciou por homicídio e organização criminosa o soldado Ruan Silva Rodrigues, 32, o cabo Dênis Antônio Martins, 40, e o tenente Fernando Genauro da Silva, 33, presos preventivamente sob a acusação de participação direta na morte de Gritzbch.

O cabo Dênis, do 33º Batalhão (Carapicuíba), é apontado como um dos atiradores que executou Gritzbach. O soldado Ruan, do 20º Batalhão (Barueri) é tido pela Corregedoria da PM como o segundo atirador. Ele é amigo do cabo Dênis.

O tenente Genauro , do 23º Batalhão (Pinheiros) foi acusado de ter dado fuga para o cabo e o soldado. Ele e Dênis trabalharam na Força Tática do 42º Batalhão, em Osasco (SP), e atuaram na mesma viatura em 16 de novembro de 2013. O tenente era amigo de Gritzbach e frequentava a casa dele.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Emílio Carlos Gongorra Castilho, Diego dos Santos Amaral, Kauê Coelho nem dos PMs Dênis, Ruan e Genauro. O espaço continua aberto para manifestações. O texto será atualizado assim que houver um posicionamento dos defensores deles

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.