Josmar Jozino

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Reportagem

Tuta, ex-número 1 do PCC nas ruas, planejava fugir para a Espanha, diz MP

Preso em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, na última sexta-feira (16), Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, até então apontado como o número 1 do PCC (Primeiro Comando da Capital) nas ruas, tinha planos de fugir para a Espanha.

Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Tuta possuía um passaporte espanhol falsificado. O Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) apurou que o criminoso havia procurado o Consulado Espanhol na República Dominicana, na América Central.

Os documentos espanhóis falsos em nome de Maycon Gonçalves da Silva sairiam da Turquia para serem entregues naquele país. Com base nesses dados foram realizadas buscas e as autoridades dos Estados Unidos identificaram a passagem de Tuta pela Bolívia.

A Polícia Federal do Brasil foi alertada e também avisou o governo boliviano. Assim Tuta acabou preso. Em 19 de dezembro de 2006, ele já usava outro documento falso em nome de Marcelo Gonçalves de Almeida. O criminoso abriu contas em bancos e até empresa de fachada em São Paulo.

Há informações também de que Tuta tinha passado pelo Panamá, Porto Rico e Moçambique. Em Santa Cruz de La Sierra - diz a Polícia Federal - ele acabou preso ao tentar tirar documento falso em nome de Maycon Gonçalves da Silva.

No Brasil, Tuta foi condenado a 12 anos de prisão por lavagem de dinheiro e associação a organização criminosa. Ele e outros três réus condenados no mesmo processo foram acusados de movimentar R$ 1 bilhão do PCC no período de janeiro de 2018 a junho de 2019.

O bando foi investigado e denunciado no âmbito da Operação Sharks (tubarões em inglês) deflagrada em 14 de setembro de 2020 com o objetivo de combater o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro praticados pela facção criminosa. Desde então ele encontrava-se foragido.

Durante as investigações, o Gaeco descobriu que Tuta exerceu por um ano o cargo de adido comercial no Consulado de Moçambique em Minas Gerais. Ele recebia salário de R$ 10 mil mensais e ocupou a função entre julho de 2018 a julho de 2019, mesmo sendo procurado pela polícia paulista.

O criminoso só viajava de jatinho e ostentava uma vida de luxo quando era adido comercial. Em um dos telefones celulares apreendidos no endereço de Tuta, durante a deflagração da Operação Sharks, havia fotografias dele em uma aeronave.

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Contrainformação do PCC

Após a descoberta do Gaeco, o ex-número 1 do PCC nas ruas tratou de arrumar um passaporte e outros documentos falsificados para permanecer foragido e continuar coordenando as atividades ilícitas da maior facção criminosa do Brasil.

Em 2022, o MP-SP anunciou que Tuta foi excluído e morto pelo tribunal do crime da facção depois de ordenar a morte de Nadim Georges Hanna Awad Neto e Gilberto Flares Lopes Pontes, o Tobé, tesoureiro do PCC, sem aprovação formal da cúpula da organização.

Porém, o setor de inteligência do Gaeco constatou que se tratava de uma contrainformação por parte da facção para despistar as autoridades e que Tuta ainda tinha carta branca do PCC para gerenciar os negócios do grupo, principalmente o tráfico internacional de drogas.

Tuta foi expulso da Bolívia, entregue às autoridades brasileiras e depois levado de avião para Brasília. Ele está preso na Penitenciária Federal, onde se encontram recolhidos Marco Willians Herbas Camacho, 57, líder máximo do PCC, e seu sócio Gilberto Aparecido dos Santos, 54, o Fuminho.

A reportagem não conseguiu contato com os advogados de Marcos Roberto de Almeida. O espaço continua aberto para manifestação. O texto será atualizado assim que houver um posicionamento dos defensores dele.

Reportagem

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