Situação de Tuta no PCC não está esclarecida após afastamento, diz MP
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A situação de Marcos Roberto de Almeida, 55, o Tuta, preso em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, na última sexta-feira (16), não está bem esclarecida para o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) e continua indefinida entre a liderança do PCC (Primeiro Comando da Capital).
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) apurou que Tuta foi afastado da sintonia final do PCC em 2023, por má conduta, após ser acusado por Valdeci Alves dos Santos, o Colorido, de não ter cumprido as ordens determinadas pela organização criminosa, mas acabou "readmitido" no ano seguinte.
Uma das missões era o resgate de líderes da facção recolhidos nas penitenciárias federais. Um dos resgatáveis - diz o Gaeco - era Marco Willians Herbas Camacho, 57, o Marcola, apontado pelo MP-SP e Polícia Federal como o chefe máximo do grupo.
Tuta, então número 1 do PCC nas ruas, também foi acusado de ter ordenado os assassinatos de Nadim Georges Hanna Awad Neto, 42, em fevereiro de 2021, e Gilberto Flares Lopes Pontes, o Tobé, seis meses depois.
Nadim era considerado o número 2 do PCC nas ruas. O corpo não foi encontrado até hoje e ele é dado como morto pela facção e por familiares. Já o corpo de Tobé, responsável pelo setor financeiro do PCC, foi localizado em agosto de 2021 em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.
Tobé era integrante graduado do PCC. Foi ele quem cuidou da movimentação de R$ 1,2 bilhão da facção criminosa entre janeiro de 2018 e julho de 2019. Com ele também foi assassinado Daniel da Costa Lopes, o Professor. Os corpos estavam amarrados e cobertos por uma manta.
Cumpriu ordem e morreu na prisão
De acordo com o Gaeco, o preso Reginaldo Oliveira de Sousa, 49, o Ré, cumpriu à risca a ordem de Tuta e foi o executor dos assassinatos de Nadim e Tobé. Ré, no entanto - continua o Gaeco - acabou morto justamente por este motivo na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, em junho de 2024.
Para o MP-SP, as dúvidas sobre a situação de Tuta no PCC poderiam ser esclarecidas se ele fosse transferido para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau e não para a Penitenciária Federal de Brasília.
Na análise do Gaeco, se Tuta fosse para a P2 de Venceslau, um dos maiores redutos do PCC no sistema prisional paulista, e tivesse uma "recepção calorosa", isso sinalizaria que ele ainda mantém prestígio na facção criminosa. Se fosse hostilizado é porque estaria excluído do grupo.
Trajetória do criminoso
Ainda segundo o MP-SP, em 2006, Tuta era sintonia final de rua do PCC junto com Carlos Antônio da Silva, o Balengo, e Sherley Nogueira dos Santos, o Fininhho - ambos já falecidos - e coordenou os ataques contra as forças de segurança em maio daquele ano, que paralisaram São Paulo.
Tuta foi preso e conduzido para a P2 de Venceslau. Ele cumpriu pena e anos depois saiu em liberdade. Nas ruas assumiu a função de sintonia final de rua, ao lado de Emivaldo Silva Santos, o BH, Nadim e outros.
No final de 2018 e início de 2019, quando os líderes do PCC foram removidos da P21 de Venceslau para presídios federais, Tuta assumiu o cargo de número 1 da facção criminosa tanto dentro quanto fora do sistema prisional.
Ele estava acima da sintonia final do PCC por causa do isolamento da liderança em unidades prisionais federais. E permaneceu à frente da organização até 2023, logo depois que Colorido foi preso e o acusou por má conduta.
O PCC - ressalta o MP-SP - afastou Tuta da sintonia final em 2023 e até anunciou que ele havia sido decretado à morte. Porém, o "readmitiu" em 2024 na mesma função.
O MP-SP informou que hoje estão na sintonia final do PCC Pedro Luís da Silva Soares, o Chacal, e Patrick Uelinton Salomão, o Forjado, ambos provavelmente morando na Bolívia. Tuta, preso na Penitenciária Federal de Brasília, é afilhado de Chacal na facção, tem a proteção do padrinho e apoio de alguns integrantes da organização.
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